São Paulo (AUN - USP) - “O termo arqueologia subaquática ainda é confundido como sendo uma atividade do mergulhador”. Para o professor Gilson Rambelli, pioneiro no desenvolvimento de pesquisas brasileiras na área, este é o princípio de um problema que pode culminar na deterioração de parte do patrimônio cultural da humanidade.
O curso “Introdução à Arqueologia Subaquática”, a ser ministrado no MAE (Museu de Arqueologia e Etnologia) nos dias 1 a 5 de dezembro, é uma das atuações de Rambelli dentro da proposta de conscientizar população e profissionais sobre a apropriação indevida de bens submersos. De acordo com o pesquisador, domina no país uma concepção de que qualquer pessoa ou empresa está apta a interferir em sítios arqueológicos descobertos em ambiente aquático. Ele é um dos diretores do Centro de Estudos de Arqueologia Náutica e Subaquática (CEANS), instituto vinculado ao Nautical Archaeology Society (NAS – Sociedade de Arqueologia Náutica) do Reino Unido, que conta com o apoio da UNESCO, que promove cursos com intuito de sensibilizar o público quanto à importância do patrimônio cultural submerso e a pertinência da intervenção arqueológica científica. “Visamos uma mudança de mentalidade na população. Fazer compreender que os sítios subaquáticos são tão dignos de atenção quanto os que estão a céu aberto”.
Para a organização, a situação foi agravada em razão da lei n.º 10.166, sancionada em 27 de dezembro de 2000, que permitiria a exploração de sítios arqueológicos submersos por empresas e pessoas sem ligação com a atividade científica, recompensando-as financeiramente pelos bens encontrados. “O governo abriu as portas à ‘caça ao tesouro’”, afirma Rambelli. “A Arqueologia não serve apenas como mera ilustração da História. Ela é uma ciência social que constrói o conhecimento de uma maneira própria, e é responsável por grande parte do nosso legado cultural”.
O público dos cursos ministrados pelo NAS é composto por um percentual alto de mergulhadores, que passam a se familiarizar com a arqueologia e ao final dos primeiros níveis já recebem um certificado de validade internacional, permitindo sua participação em projetos subaquáticos dirigidos por cientistas.
As inscrições para o curso de extensão vão até 27 de novembro e devem ser feitas na secretaria acadêmica do MAE. As aulas serão dadas pelo próprio professor Gilson Rambelli, autor do livro Arqueologia até debaixo d’água, “também uma forma de introdução ao tema”. O endereço da ONG NAS na Internet é http://www.nasportsmouth.org.uk, e do núcleo CEANS, http://www.arqueologiasubaquatica.org.br.