São Paulo (AUN - USP) - As questões relacionadas à qualidade e à demonstração de resultados na área de saúde têm sido cada vez mais foco de atenção do poder público e da sociedade. Paralelamente a esse processo, há também uma expansão da atuação fonoaudiológica no setor hospitalar, principalmente em unidades de internação, explica a fonoaudióloga Danielle Pedroni Moraes. Baseada nessas tendências, ela pesquisou a estruturação de um serviço de fonoaudiologia hospitalar para sua dissertação de mestrado, defendida na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).

O crescimento do serviço de fonoaudiologia nas enfermarias e unidades de terapia intensiva (UTI) precisa ser organizado e seus resultados devem ser evidenciados para melhorar os resultados aos pacientes. De acordo com a pesquisadora, a melhor forma de gerenciar esses processos é por meio de indicadores, e os gestores dos hospitais têm o desafio de implantar sistemas que possam medir e melhorar a qualidade dos serviços de saúde fonoaudiólogica.

Ela aponta que o gerenciamento por indicadores permite a análise do desempenho ao longo do tempo, a comparação com outros serviços considerados referência no setor, a melhora da eficiência do fluxo de trabalho, a otimização dos recursos e o aprimoramento dos cuidados aos pacientes internados. “A adesão e o uso de indicadores de desempenho permitem melhorias nos processos assistenciais e trazem benefícios diretos aos pacientes”, afirma.

Fonoaudiologia em unidades de internação
A atuação da fonoaudiologia nas UTI’s e enfermarias tem foco principal nos distúrbios da deglutição, ou seja, nos pacientes com problemas para engolir. Essa dificuldade pode ainda ter conseqüências respiratórias e nutricionais, além de impactar diretamente na qualidade de vida do paciente. O número de pessoas internadas com esse tipo de distúrbio é crescente, e o acompanhamento por profissionais visa reduzir os riscos de complicações.

Danielle explica que o fonoaudiólogo realiza avaliações e terapias para que o paciente retorne a alimentação por via oral de forma segura. “O trabalho da fonoaudiologia junto à equipe multiprofissional nestas unidades é de extrema importância”, diz. Além de cuidar dos problemas de deglutição, os fonoaudiólogos também prestam assistência aos pacientes que necessitam de reabilitação dos distúrbios da comunicação e linguagem.

Hospital das Clínicas
Apesar dos benefícios citados, os indicadores fonoaudiológicos para gerenciamento da atuação hospitalar ainda não foram estabelecidos pelas instituições reguladoras. No próprio Hospital das Clínicas (HC) da FMUSP, até um passado recente, não havia nem o atendimento desse tipo aos pacientes internados.

Com a organização da unidade de fonoaudiologia no HC, foi preciso construir também indicadores para o controle das atividades realizadas, a fim de quantificar, monitorar e aprimorar os resultados desta atuação. Desde a implantação, o número de pacientes encaminhados para o gerenciamento fonoaudiológico da deglutição tem crescido. Atualmente, são atendidos pela unidade cerca de 4% das pessoas internadas no Hospital.

Metodologia
A pesquisa é fruto dos estudos de Danielle nas áreas de fonoaudiologia e administração hospitalar e do interesse da professora Claudia Andrade, sua orientadora, em organizar e evidenciar os resultados da Unidade de Fonoaudiologia Hospitalar do Hospital das Clínicas da FMUSP.

Durante a pesquisa, intitulada “Estruturação de um Serviço de Fonoaudiologia Hospitalar”, Danielle aponta que foram estabelecidas quatro etapas para a criação e estabelecimento dos indicadores no processo de estruturação da unidade de fonoaudiologia. As etapas foram a identificação dos processos a serem gerenciados, a elaboração dos indicadores e a padronização da obtenção dos dados, a classificação e proposição de correlação dos indicadores, e a elaboração de um painel para os indicadores.