ISSN 2359-5191

28/11/2011 - Ano: 44 - Edição Nº: 111 - Ciência e Tecnologia - Instituto de Ciências Biomédicas
Palestra mostra caráter multidisciplinar da comunicação científica na Índia
Comunicação científica é vista como direito do cidadão e meio de disseminar conhecimento desenvolvido por pesquisadores e cientistas

São Paulo (AUN - USP) - Além do território extenso e da diversidade cultural, os problemas do sistema de saúde aproximam Brasil e Índia. Parte do Simpósio Brasil-Índia: Construindo redes de conhecimento, a mesa sobre comunicação e saúde pública reuniu cientistas brasileiros e indianos que discutiram a importância da comunicação científica para disseminar as descobertas da ciência para pesquisadores e, principalmente, para a população.

Vnod Vyasulu, diretor do Centro do Orçamento e Estudos Políticos indiano, contou o que a índia poderia aprender com o Sistema Universal de Saúde brasileiro: “O SUS possui um banco nacional muito eficiente de dados, com cadastros únicos”. Segundo o diretor, seria ótimo se esse sistema fosse implementado na Índia, o segundo país mais populoso do mundo e o sétimo com maior extensão territorial, composto por 28 estados.

Em seguida, houve a participação de Isabela Judith Monseñor, professora do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina (FMUSP). Ela é uma das fundadoras do Estudo Longitudinal de Saúde Adulto (Elsa – Brasil), que pesquisa sobre a influência de fatores biológicos, comportamentais, ambientais e sociais na ocorrência de doenças crônicas, como cardiovasculares e diabetes.

Em sua exposição, a professora mostrou o trabalho desenvolvido pelo Elsa entre agosto de 2008 e dezembro de 2010. Nesse período, realizou-se um estudo com 15.102 voluntários que responderam a um questionário sobre o seu histórico familiar, status socioeconômico, histórico de migração, evolução de peso e hábitos de vida (fumo, prática de atividades físicas e consumo de bebidas alcoólicas). Além do questionário, os voluntários foram submetidos a testes neurocognitivos para avaliar fatores psicossociais e psicossomáticos. A ciência interdisciplinar que estuda os efeitos de fatores sociais e psicológicos sobre os processos orgânicos. E o bem-estar das pessoas chama-se psicossomática.

Além de estudar casos, a importância desse estudo se refere à estocagem de material biológico (sangue e urina). “É importante conhecer as doenças, pois só assim poderemos controlá-las. Uma das voluntárias me disse que, ainda que não desfrutasse dos resultados do estudo, ele é importante para que futuras gerações tenham informações mais detalhadas sobre essas doenças”, afirma Isabela Monseñor.

O palestrante seguinte foi Subhan Khan, chefe cientista do Instituto Nacional de Estudos de Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento, sediado em Nova Deli. Em sua fala, Kahn ressaltou a importância de melhorar as estratégias de comunicação da saúde pública. Carlos Alberto Moreira Filho, coordenador do laboratório de Genômica Pediátrica da FMUSP reforçou a idéia e destacou a importância da comunicação na divulgação das descobertas científicas. Após mostrar a história recente da universidade no Brasil, Moreira Filho expôs o trabalho desenvolvido pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) sobre comunicação da ciência.

O Jornal da Paulista, periódico publicado entre 1987 e 2003, divulgou as pesquisas e os serviços realizados pela Unifesp. O sucesso do jornal permitiu a criação de um departamento de comunicação e uma assessoria de imprensa, mas a mudança de gestão da reitoria da Unifesp, em 2003, pôs fim a esse processo, provocando o fechamento do periódico e a privatização do setor de comunicação.

Após as falas dos palestrantes, os que assistiam à palestra puderam expor suas opiniões e fazer perguntas, que discutiram a importância da comunicação científica, que se baseia em dois fundamentos: a saúde e a difusão do conhecimento como direitos dos cidadãos. Além disso, os palestrantes foram questionados sobre as diferenças entre os sistemas indiano e brasileiro de saúde. Além de não possuir sistema único de cadastro, a Índia enfrenta problemas referentes à diversidade lingüística: além do hindu e do inglês, outras 28 línguas nacionais e cerca de 120 dialetos são falados no país, o que pode dificultar a comunicação entre o governo e a população.

A vasta extensão territorial é outro fator que dificulta a chegada de médicos e serviços à população dessas áreas. Além disso, o sistema indiano recorre à espiritualidade, desenvolvendo atividades como ioga com pessoas de todas as idades, o que ajuda muito a reduzir o número de jovens envolvidos com drogas (incluindo o álcool).

Tariq Badar, integrante da Associação Indiana de Escritores de Ciência, conta que, em seu país, a comunicação científica é realizada por profissionais de diversas áreas como biologia, medicina, jornalismo, nutrição e psicologia.

O simpósio Brasil-Índia: Construindo redes de conhecimento ocorreu recentemente no Instituto de Ciências Biomédicas (ICB). O evento trouxe inúmeros profissionais de diferentes instituições da Índia e do Brasil para discutir e consolidar uma rede acadêmica nos campos de ciência, tecnologia e cultura.

Elsa Brasil: http://www.elsa.org.br/
Elsa no HU: www2.hu.usp.br/Elsa
Saiba mais sobre o Jornal da Paulista: http://www.unifesp.br/centros/cedess/producao/teses/tese_a_10.pdf
Sobre a Associação Indiana de Escritores de Ciência da Índia: http://www.iswaindia.com/

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