ISSN 2359-5191

30/11/2011 - Ano: 44 - Edição Nº: 112 - Educação - Escola Politécnica
Engenharia é a profissão com menor rendimento de formação
Evasão de alunos e necessidade de reforma na grade curricular dos cursos da Poli foram temas de abertura da primeira Conferência USP de Engenharia

São Paulo (AUN - USP) - Em um momento histórico de grande crescimento econômico, o país precisa mais do que nunca de profissionais qualificados. Na área de engenharia, porém, recursos humanos são justamente o que mais está em falta. “O Brasil, em 2010, teve 180 mil vagas de engenharia abertas, e apenas 150 mil foram preenchidas”, diz José Roberto Cardoso, diretor da Escola Politécnica da USP. “E em torno de 10% disso se formam. Isso é algo que precisa ser discutido e refletido, para que a gente possa reverter esse quadro”.

A fim de promover o debate desse e de outros temas, foi realizada na última semana de outubro, na Poli, a primeira Conferência USP de Engenharia. O evento faz parte de um ciclo de dez conferências anuais que reúnem pesquisadores brasileiros e estrangeiros para promover uma análise crítica de temas relevantes nas diversas áreas do conhecimento. A edição da Escola Politécnica teve como focos, além da educação, o meio ambiente, a sustentabilidade e a energia, temas fundamentais no contexto atual de desenvolvimento.

“A engenharia na USP (e todas as ciências correlatas) tem um papel fundamental em criar o Brasil do futuro - não só na formação de engenheiros, mas formação de uma ciência brasileira”, diz Marco Antônio Zago, pró-reitor de pesquisa da universidade. Segundo ele, a falta de profissionais qualificados se estende por todas as áreas técnicas, e “isso passou a ser o gargalo do nosso desenvolvimento”. João Fernando Gomes de Oliveira, presidente do Instituto de Pesquisas Tecnológicas, enfatiza ainda que o problema começa na base: “o jovem que vem do ensino fundamental e médio não tem capacidade para preencher os requisitos para fazer um curso de engenharia hoje no Brasil – e nem querem”.

Foi consenso da mesa que, apesar de grande parte do problema não estar no ensino superior, o curso de engenharia precisa ser reformado. Além da necessidade de torná-lo mais atraente aos estudantes, é necessário atualizá-lo para que os profissionais tenham as competências exigidas no contexto atual. “A Poli está num esforço grande para mudar sua estrutura curricular” diz José Roberto Cardoso. “Os engenheiros saem daqui muito especializados (...), e está provado que pessoas que tem uma formação mais abrangente são mais criativas. A especialização é inibidora da inovação.”

A conferência contou com a presença de diversos palestrantes brasileiros e estrangeiros que levaram a discussão a respeito da necessidade de inovação para temas chave da engenharia atual. Dentre eles estavam Tim MacAloone, especialista em engenharia de produto da Universidade Técnica da Dinamarca, que falou de estratégias para aumentar a sustentabilidade na produção de empresas e para tornar cursos de engenharia mais atraentes; Emiliano Barelli, gerente de desenvolvimento de embalagens da empresa Natura, que destrinchou os processos da criação e veiculação de produtos sustentáveis; e Sérgio Mascarenhas, professor do Instituto de Física de São Carlos (IFSC), que falou sobre a necessidade do avanço em engenharia de sistemas complexos no país, com a criação de uma rede de pós-graduação para formação de doutores e pós-doutores na área.

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