São Paulo (AUN - USP) - No estudo da Geografia, desde o ensino médio, a compreensão de imagens é fundamental. Seja no reconhecimento de paisagens climobotânicas, seja no entendimento de mapas e cartas cartográficas, a importância dos recursos imagéticos nos estudos geográficos é, atualmente, inquestionável. A fim de possibilitar um aprofundamento do diálogo interdisciplinar na interface de três áreas de conhecimento: a Geografia, a Educação e o estudo das imagens, diversos pesquisadores do Brasil e do mundo reuniram-se na Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP em uma das mesas do II Colóquio Internacional sobre a Educação pelas Imagens e suas Geografias.
Giseli Girardi, professora dos Departamentos de Geografia e de Ciências Humanas Naturais da Universidade Federal do Espírito Santo, foi uma das convidadas e apresentou seus estudos sobre o dualismo entre forma e conteúdo que durante muito tempo dominou e tornou fragmentado o ensino da geografia nas escolas, faculdades e universidades brasileiras. Segundo ela, ainda persistem modelos diferentes de entendimento dos estudos geográficos, e muitos deles negligenciam até os mapas como instrumentos de análise e parte do discurso geográfico. “A Geografia é, por excelência, uma ciência empírica, pautada na observação, e nesse sentido, recursos como as imagens são fundamentais para sua compreensão”, afirma Girardi.
Amanda Gonçalves, professora do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Triângulo Mineiro, também esteve na EACH e ressaltou a profusão de imagens de todos os tipos trazida pelo mundo contemporâneo. Segundo ela, as novas tecnologias têm contribuido para mudanças profundas na educação: há um notável esforço de utilização de ferramentas diversas, como a Internet e outros recursos multimídia que proporcionam experiências sócio-espaciais inovadoras. A possibilidade de acesso direto a um grande número de produtos cartográficos tem viabilizado aos professores, mas principalmente às novas gerações, uma maior visualização do espaço geográfico, de informações sobre diferentes áreas, tornando as informações mais próximas da sociedade.
Essa nova realidade pedagógica, segundo as pesquisadoras, tem exigido ferramentas para que os alunos possam gerir os bancos de dados disponíveis, efetuar análises, estabelecer reflexões, conclusões, em um processo de construção do conhecimento. As duas valorizam esse aprendizado que propicia ao aluno condições de compreender a totalidade da natureza geográfica através da apreensão das relações recíprocas entre o seu meio imediato e o mais amplo. Assim, julgam elas, é imprescindível discutir a educação visual que as imagens realizam no mundo contemporâneo e o poder delas para configurar e ampliar o conhecimento geográfico.