São Paulo (AUN - USP) - O fixador ortopédico Ilizarov (pinos que atravessam os ossos e se fixam em uma estrutura metálica externa), criado pelos russos para tratar os pacientes da segunda guerra, ganhou notoriedade mundial pelas diversas deformidades que tratava com eficiência. Desde o começo dos anos noventa ele ganhou mais uma função, tratar o pé torto congênito inverterado (deformidade antiga e que nunca foi tratada). Esta deformidade, que atinge de uma a duas pessoas em cada mil, consiste em um pé virado para dentro, a pessoa apóia o peito do pé no chão, o que limita muito os movimentos da pessoa.
Apesar de criada no início dos anos noventa, o uso do Ilizarov para o tratamento deste tipo de deformidade não foi muito difundido no Hospital das Clínicas (HC), que preferia um outro tipo de tratamento, uma grande cirurgia, com retirada de partes ósseas. No entanto, desde o ano passado, os médicos Marcos Corsato e Maurício Barbosa intensificaram esta prática, por acreditarem ter menos risco que uma cirurgia normal.
O tratamento com o Ilizarov, na maioria dos casos, é feito com o paciente internado, pois o fixador precisa ser ajustado diariamente, durante três meses. Já os pacientes do HC, são liberados depois da cirurgia, fazem o tratamento em casa e retornam somente a cada 15 dias para uma avaliação e orientação.
Esta forma de tratamento foi adotada para não sobrecarregar as enfermarias do hospital, mas acabou se mostrando bastante eficiente. “Os pacientes se sentem melhor em casa, mas antes pais e pacientes precisam passar por uma avaliação psicológica”, alerta Maurício Barbosa, médico adjunto do grupo de pé do HC.
Após três meses com o fixador, o paciente precisa ficar mais seis meses com gesso e de um a dois anos de bota ortopédica, para fortalecer os ossos da região. O resultado final do tratamento é um pé na posição correta, porém um pouco rígido. Mesmo assim, o paciente caminha com muito mais facilidade do que antes.