ISSN 2359-5191

31/01/2012 - Ano: 45 - Edição Nº: 06 - Ciência e Tecnologia - Escola de Educação Física e Esporte
Método desenvolvido na EEFE auxilia caça de talentos para o basquete

São Paulo (AUN - USP) - Uma recente pesquisa conduzida na Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) da USP procura ressaltar a importância da medição de dados físicos (também chamado de antropométricos), como estatura e peso, e de fundamentos técnicos durante o processo de formação de atletas no basquetebol feminino. Normalmente, esse tipo de dado não é levado em consideração nas categorias de base do esporte, cuja seleção normalmente é feita através de métodos subjetivos, como a utilização de olheiros. “Não se trata de substituir, mas de complementar o modelo que existe hoje, até porque não se pode dizer que a maneira como as coisas são feitas hoje em dia é ruim, uma vez que tivemos bons resultados no passado dessa maneira”, explica Fernando de Oliveira Paes, responsável pelo estudo. Ele garante, porém, que tais medições não são suficientes para detectar novas Hortências e Paulas: “Identificar talento é outra coisa. O que é possível ser feito é mapear potencial”.

No trabalho, que compõe a dissertação de mestrado de Paes, foram realizados testes técnicos (passe, drible, arremessos e movimentos defensivos) e físicos com atletas de duas categorias amadoras: mirim (13-14 anos) e infanto (15-16 anos). Entre as descobertas do estudo, pode ser citado o fato de que as atletas mais habilidosas em situação de jogo tiveram melhor aproveitamento nos testes. Outro ponto interessante foi o de que os aspectos antropométricos não fizeram diferença entre os dois grupos. “Utilizar uma análise excludente baseada apenas em dados como estatura e peso, por exemplo, seria um problema”, diz o educador físico. Percebeu-se também que um maior tempo de prática do esporte tem correlação com melhores resultados dentro dos testes.

Formação de atletas
Para Paes, o principal objetivo de seu trabalho é “chamar a atenção para novos meios de selecionar atletas, trazendo um método mais objetivo, que tem menos chances de descartar atletas de potencial”. Por ser um trabalho de campo, ele enfrentou alguns problemas ao precisar da colaboração de equipes para realizar sua pesquisa: “alguns técnicos tiveram uma certa resistência ao que sugeri, porque eles são adeptos do método consagrado – e que funciona”. Vale lembrar, por exemplo, que a equipe de basquetebol feminino do Brasil chegou às semifinais de três das últimas quatro Olimpíadas.

De acordo com o pesquisador, há uma falta de literatura específica sobre a formação de jovens atletas. “Há ainda muito o que se discutir, até porque é justamente nessa etapa que se atinge um alto nível de desempenho – e também quando se determina se o atleta em potencial se tornará um profissional ou deixará o esporte”. Outro problema apontado pelo educador físico é a especialização precoce das posições. “Desde cedo, os jovens esportistas já têm suas posições em campo definidas. Trata-se de um treinamento que limita o desenvolvimento do jogador, uma vez que seu corpo ainda está mudando e algumas habilidades que viriam a surgir podem acabar não sendo levadas em frente”, diz ele.

O pesquisador ainda ressalta que seu trabalho não é referencial, mas sim descritivo, por conta de ter se delimitado a um grupo pequeno. “Não dá para determinar o que acontece com um número baixo de atletas. Entretanto, ele vale como exibição da importância de um método alternativo”. A dissertação de Paes chama-se Antropometria e desempenho técnico de jovens atletas de basquetebol do sexo feminino, e foi orientada pela professora Maria Tereza Silveira Böhme, na Escola de Educação Física e Esporte (EEFE), tendo sido defendida no dia 12 de março de 2010.

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