São Paulo (AUN - USP) - Nas artes, a função social da pós-graduação, segundo o professor e gravurista Evandro Jardim se relaciona não só com o conhecimento de história da arte, mas com a arte em si e com a educação poética visual. E a escola de arte só pode ensinar a técnica, não a sentir ou a se expressar de maneira artística.
Para ele, no processo de formação do artista, o conhecimento da técnica é necessário para dar vazão à vocação. Mas não mais essencial do que o sentimento deste em querer externalizar sua concepção de mundo, seu conhecimento sensível. Pois o artista age no plano das representações de uma linguagem singular adquirida ao longo da vida por meio da qual busca se posicionar no mundo.
O estudo da história da arte, dos momentos históricos e dos estilos estéticos não se desvinculam da praxis. Mas ñao há um modelo fechado a se propor ao pós-graduando. Jardim reflete que cabe ao orientador levar o estudante a ver o que faz e porque faz.
A natureza didática do orientador em artes plásticas não pode se utilizar dos mecanismos da construção linguística. Pois a arte requer da técnica a capacidade artesanal de se utilizar de imagens materiais concretas para explicar relações imateriais e sensíveis.
Jardim reflete que é nefasto quando um professor de artes chega a um aluno e pede que esqueça tudo o que aprendeu. O aprimoramento pessoal do artista está justamente em seu olhar individual. Há a necessidade de que este se aproxime do mundo afim de se projetar na obra com sua própria linguagem; se expor a críticas e entendê-las como um bem a seu crescimento.
No mundo das artes, “a escola pode unicamente proporcionar experiências, ensinar ao aluno a utilizar critérios de aproximação e entendimentos. Educá-lo quanto ao rigor artístico. Já o espírito crítico que é a projeção do humor quanto a simpatias e antipatias só cabe ao próprio artista."