ISSN 2359-5191

03/02/2012 - Ano: 45 - Edição Nº: 08 - Economia e Política - Faculdade de Direito
“Países emergentes precisam sincronizar credibilidade política e econômica”, diz Celso Lafer

São Paulo (AUN - USP) - Reunidos no fim de 2011 para debater o tema “Democracia, Estado e Mercado”, especialistas reconheceram que, mesmo entre acadêmicos da área, é incomum encontrar pesquisas que estabeleçam interligações profundas entre economia e política. Mas é justamente essa combinação rara de assuntos que precisa ser levada em conta pelos países em desenvolvimento para que seus mercados cresçam, segundo o ex-ministro das Relações Exteriores, Celso Lafer.

As chamadas democracias de mercado emergente, como o Brasil, lidam com um tipo específico de interação: é preciso sincronizar tanto a credibilidade política quanto a de mercado, mesmo que elas tenham tempos diferentes. De acordo com Lafer, que também é professor titular da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), isso ocorre porque o mercado precisa de segurança política para crescer. “Há uma diferença entre riscos e incertezas. Quando há incertezas, o mercado se retrai”, afirma.

O ex-ministro acredita que o governo da presidente Dilma Rousseff vive neste momento um ponto crucial de sua credibilidade política. O desafio está na reforma ministerial prometida para o começo desse ano, em que ela deverá montar uma nova equipe para auxilia-la. “Será que essa limpeza nos ministérios vai aumentar a confiabilidade nela?”, questiona.

O diretor do Núcleo de Pesquisas em Políticas Públicas (NUPPs) do Departamento de Ciência Política da USP, José Alvaro Moisés, aponta que a questão dos ministros tem afetado também a governabilidade da presidente. “Como governar um país no contexto da exacerbação das heranças, que muitas vezes pesam e implicam custos, como no caso dos seis ministros derrubados no governo Dilma?”, pergunta Moisés.

Governo Lula
Na avaliação do professor do Largo São Francisco, o sucesso político dos dois governos do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva foi fruto da combinação exata de política com economia. Lourdes Sola, ex-presidente da International Political Science Association, concorda com a análise: “Em 2003, tivemos uma lição de política com o Lula. A população não estava vivendo o zero crescimento da economia, mas o horizonte futuro”.

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