São Paulo (AUN - USP) - Em 1990, a ideia do então diretor de cultura de Santo André, Celso Frateschi, de abrir uma escola de teatro pública na cidade se tornou realidade. A filosofia do projeto era simples: unir a sisudez necessária da academia com a intensidade do fazer teatral. Nascia a Escola Livre de Teatro (ELT).
Hoje, a ELT tem pouco mais de 20 anos e Celso Frateschi é diretor do Teatro da USP (Tusp). Entre 1º de fevereiro e 11 de março criatura, criador e o público paulistano poderão trocar experiências. Trata-se da Mostra de Processos Criativos da Escola Livre de Teatro, que traz para o Tusp um pouco de sua produção: seis peças, dois encontros para reflexão e o lançamento do livro Reminiscências dos 20 Anos da Escola Livre de Teatro por seus Fazedores (dia 14 de fevereiro). Todas as atividades são gratuitas.
Espetáculos
Da Formação 12 - cada formação é um grupo que entra por ano - da ELT, será apresentada a peça O mais Simples Seria não Começar. O espetáculo, inspirado em textos do dramaturgo irlandês Samuel Beckett, é resultado de quatro anos de pesquisa desenvolvida pelo grupo. A peça fica em cartaz às sextas-feiras e sábados, às 20 horas, e aos domingos, às 19 horas.
Da Formação 14, comparece Ensaio Sobre Nora, resultado de experimentos que os atores desenvolveram a partir da obra Casa de Bonecas, de Henrik Ibsen, dramaturgo norueguês que tem como temática principal o estudo psicológico das personagens e a crítica à burguesia e ao capitalismo. Em cartaz aos sábados, às 21 horas, e aos domingos, às 20 horas.
Já os aprendizes do Núcleo de Direção investigam a constituição de uma poética autoral em Clara em Neve. A peça fica em cartaz às quartas e quintas-feiras, às 21 horas.
O Coletivo Negro, formado por ex-integrantes da ELT, também se apresenta. Em Movimento nº1: O Silêncio de Depois..., o grupo conta a história de quatro pessoas que voltam ao local onde moravam após sofrerem uma desocupação violenta, feita para a construção de uma linha de trem. Aos sábados, às 21 horas, e aos domingos, às 20 horas.
Completam a agenda, Jex, de Cecília Schucman, em apresentação única dia 7 de março, às 21 horas; e Quando me Perdi de Vista, de Thiago Nascimento, também em apresentação única dia 8 de março, às 21 horas.
Encontros para reflexão
Dia 7 de fevereiro, às 20h30, acontece o primeiro encontro, A trajetória do aprendiz em sua relação com o mestre: objetivos, diretrizes, procedimentos, que reúne Cuca Bolaffi, Vinícius Torres Machado, Thiago Antunes e Pedro Mantovanni. Uma semana depois e no mesmo horário, A apreensão do conhecimento em forma de expressão põe em debate os professores Antônio Rogério Toscano, da ELT; Miriam Rinaldi, da PUC-SP; Chiquinho Medeiros, da SP Escola de Teatro; e Isabel Setti, da Escola de Arte Dramática (EAD) da USP.
A ELT
Criada para ser experimental, Escola Livre de Teatro teve de assumir uma postura diferente e, por exemplo, se desvincular das exigências do Ministério da Educação. Antônio Rogério Toscano, coordenador pedagógico da Escola, explica: “Esta escola tem um projeto pedagógico vivo e que se caracteriza por interagir com a sensibilidade do presente. Buscamos o ator pesquisador, e não o repetidor de fórmulas prontas, cânones ou certezas teatrais".
Atualmente, a ELT está com inscrições abertas para a Formação 16. Seguindo sua filosofia, no processo seletivo não há testes. "Tentamos formar uma turma que apresente características comuns, apontadas durante o processo seletivo", conta.
Sobre as expectativas para a temporada no Tusp, Toscano define: "Pensamos em compartilhar com o público uma experiência e uma série de perguntas que nos fazemos aqui, internamente. Não esperamos respostas, mas produção de dinâmicas de reflexão vivas e consistentes".
Mais informações: (11) 3123-5233, (Tusp) 4996-2164 (ELT), 4997-5254 (ELT). Sites: www.usp.br/tusp e http://escolalivredeteatro.blogspot.com.