ISSN 2359-5191

16/02/2012 - Ano: 45 - Edição Nº: 12 - Ciência e Tecnologia - Escola de Educação Física e Esporte
Estudo avalia influência do estresse no rendimento esportivo

São Paulo (AUN - USP) - O estresse é um dos fatores psicológicos mais frequentes no esporte competitivo, qualquer seja o nível do atleta nele envolvido. Vários autores citam a importância desse fator no rendimento esportivo, colocando-o, inclusive, como determinante nos resultados obtidos por esses atletas. O basquetebol, por reunir uma grande variedade de características pessoais e situacionais, é um esporte potencialmente gerador de estresse e, portanto, pode ser considerado um bom objeto de estudo. Com o objetivo de detectar as situações causadoras de estresse na prática do basquetebol de alto nível, o pesquisador Francisco Hayes de Oliveira, do Grupo de Estudos e Pesquisa em Psicologia do Esporte da Escola de Educação Física e Esporte da USP (EEFE), desenvolveu um estudo com 19 atletas de basquetebol (10 homens e 9 mulheres) que participaram das grandes competições nacionais. “Quisemos saber dos atletas de alto nível o quanto eles acham que fatores psicológicos influenciam no desempenho deles. O resultado foi dentro do que esperávamos, mas ajudaram a encontrar explicações para lesões e relacionamento entre companheiros de equipe”, conta Oliveira.

Nas duas últimas décadas, o esporte assumiu uma posição de grande destaque, atingindo um patamar que nunca ocupara na sociedade. As competições são enfatizadas exaustivamente pela mídia, tornando-se um espetáculo altamente lucrativo. A divulgação massificada desperta a atenção e o surgimento de diversos setores econômicos ligados ao esporte, colocando-o como uma das mais importantes vitrines para a exposição de produtos direta ou indiretamente ligados a ele. No centro disso tudo, estão os atletas, os artistas desse grande show, como explica o pesquisador: “Hoje em dia, qualquer atleta é mostrado como exemplo de ascensão social e sucesso, exibindo com muito orgulho o produto de suas conquistas, que vão desde resultados esportivos a objetos e valores obtidos com os grandes contratos de patrocínios”. No entanto, ao contrário do que normalmente é mostrado, a trajetória de um atleta de sucesso é permeada por muito sofrimento e uma série de exigências, como a rotina exaustiva de treinamentos, jogos, contusões, frustrações. Há atletas que superam esses obstáculos com certa facilidade. Outros não. Mas qualquer que seja o nível ou condição do atleta há um momento que todos têm que enfrentar e sair-se bem: a competição. “O momento da competição é, sem dúvida, o momento de maior estresse na vida do atleta. Todo o trabalho do dia-a-dia é testado naquele instante que, muitas vezes, dura apenas alguns minutos. A pressão psicológica para o rendimento ser satisfatório nesse momento é tão grande, que a forma com que o atleta lida com isso é determinante para o resultado obtido”, explica Oliveira.

Para saber como os atletas reagiam a esses fatores psicológicos, o estudo conciliou características e respostas fisiológicas dos atletas com perguntas feitas antes e após os jogos, como explica o pesquisador: “Antes dos jogos, além das medições de batimento cardíaco, frequência respiratória e nível de pressão arterial, fazíamos perguntas sobre como os atletas estavam se sentindo psicologicamente e até que ponto eles se sentiam afetados por isso. Repetíamos os mesmos procedimentos depois dos jogos, e analisávamos os resultados”. Além disso, o estudo contou com a participação de profissionais do basquete, que analisavam as tomadas de decisões dos atletas durante as partidas. “Lidar com as situações provocadoras de estresse e manter os níveis adequados de ansiedade são fundamentais para a manutenção de um estado aceitável que permita ao atleta tomar decisões corretas e importantes nos diferentes momentos do jogo”, conta Oliveira.

Para o pesquisador, mais do que os resultados fisiológicos que o estudo obteve, o simples fato de se ter uma pesquisa que ateste a relevância dos fatores psicológicos no rendimento esportivo é um avanço: “Muita gente do esporte despreza esse tipo de estudo. Mostrar, na ponta do lápis, que essa pressão que os atletas estão submetidos atualmente é um fator que precisa ser controlado é um avanço não só para a prática do basquetebol, mas de todas as modalidades de alto rendimento. Um grande campeão também se faz com um trabalho psicológico. Aliás, um grande campeão só se faz se, junto com os treinamentos específicos, houver um preparo psicológico, que garanta reações satisfatórias aos momentos de pressão”.

Leia também...
Nesta Edição
Destaques

Educação básica é alvo de livros organizados por pesquisadores uspianos

Pesquisa testa software que melhora habilidades fundamentais para o bom desempenho escolar

Pesquisa avalia influência de supermercados na compra de alimentos ultraprocessados

Edições Anteriores
Agência Universitária de Notícias

ISSN 2359-5191

Universidade de São Paulo
Vice-Reitor: Vahan Agopyan
Escola de Comunicações e Artes
Departamento de Jornalismo e Editoração
Chefe Suplente: Ciro Marcondes Filho
Professores Responsáveis
Repórteres
Alunos do curso de Jornalismo da ECA/USP
Editora de Conteúdo
Web Designer
Contato: aun@usp.br