São Paulo (AUN - USP) - Entender o comportamento dos homens profissionais do sexo e suas peculiaridades pode permitir o desenvolvimento de políticas públicas para a proteção de sua saúde através de políticas públicas mais específicas. É isto que sugere um estudo publicado no final de 2011 na Faculdade de Medicina da USP.
A pesquisadora Fernanda Cortez, do Instituto de Psiquiatria, tratou do tema em sua dissertação de mestrado Consumo de álcool e outras drogas, sintomas depressivos, impulsividade e aspectos dimensionais de personalidade em homens biológicos profissionais do sexo, orientada pelo professor Danilo Baltieri.
A pesquisa abordou 86 street hustlers (os profissionais do sexo, que se prostituem nas ruas das cidades), no seu próprio local de trabalho: as ruas da cidade de Santo André, grande São Paulo. Os questionários cobriam aspectos de personalidade, envolvimento com atividades criminosas, uso de drogas e impulsividade.
O objetivo destes questionários era, entre outros, entender a relação entre impulsividade, criminalidade, uso de drogas e álcool e o uso de preservativo, além de entender as demandas que os profissionais do sexo têm em relação à serviços especializados em saúde mental.
Os resultados apontados pelo estudo mostram uma complexa diversidade de aspectos envolvendo esta atividade. A autora aponta então a necessidade de criação de categorias para sistematizar os street hustlers de acordo com “identidade e papel de gênero”, o uso de drogas e álcool e aspectos de personalidade, entre outros.
“O risco de transmissão de DST’s não deve ser atribuído apenas ao ato sexual isolado, sendo necessária sua contextualização perante as variáveis psicológicas de personalidade e autoestima dos indivíduos envolvidos. Dessa forma, a investigação dessas variáveis tem papel fundamental na elaboração de intervenções de saúde pública mais diretivas e baseadas em evidências científicas”, explica Fernanda.
A dissertação pode ser encontrada na íntegra em: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5142/tde-03012012-111632/publico/FernandaCestaroPradoCortez.pdf