ISSN 2359-5191

31/03/2004 - Ano: 37 - Edição Nº: 01 - Sociedade - Museu de Arte Contemporânea
MAC expõe obras de Di Cavalcanti no Memorial da América Latina

São Paulo (AUN - USP) - Algumas das obras mais importantes do artista Di Cavalcanti estão expostas no Memorial da América Latina na Galeria Marta Traba. Organizada pelo Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, a exposição de 46 obras comemora, com quadros pontuais da trajetória do artista, os 450 anos da cidade de São Paulo, os 70 anos da Universidade de São Paulo e 15 anos do Memorial da América Latina.

A escolha por obras de Di Cavalcanti baseou-se na influência intensa que este artista teve no cenário artístico paulistano no começo do século passado, com sua importante atuação na organização da Semana de Arte Moderna de 22, que inclui a elaboração da capa do catálogo para o evento, além de convites a artistas cariocas.

A exposição está dividida em três núcleos: Trajetória, que apresenta as buscas temáticas e técnicas do artista, Projetos, Ilustrações e Figuras Humanas, que destaca a expressividade dos traços e a sensualidade das formas, e Documentos, com fotografias do artista em seu ateliê, além de outros documentos históricos.

Essa divisão partiu da idéia de apresentar, adequando-se às peculiaridades e restrições do espaço expositivo, quadros ilustrativos das tendências exploradas pelo artista e seu aperfeiçoamento de técnicas de vanguarda. Segundo a curadora da exposição, Elza Azjenberg, foi necessário limitar o número de obras expostas e selecionar as que melhor se integrassem ao espaço do Memorial idealizado por Oscar Niemeyer.

Os quadros escolhidos, mesmo em número limitado, apresentam os traços mais marcantes da obra de Di Cavalcanti, como a forte presença do feminino em traços e cores fortes, a sedução do Brasil e a preocupação social típica dos modernistas. Vale a pena observar, por exemplo, a evolução no estilo do artista a partir dos retratos femininos, começando com o retrato de sua mulher Noêmia ao quadro Mulher Sentada de 1941.

É possível notar nos quadros expostos, como observa Azjenberg, as influências de outros artistas incorporadas ao estilo de Cavalcanti. Além dos traços mais óbvios, como a geometrização, influência de Picasso, no célebre quadro Pescadores de 1951, há influências mais sutis de artistas como De Chirico, em Cenário de 1929, Rivera em Sem título (Casal e Criança) também de 1929, inclusive as cores vibrantes, que remetem a Gauguin.

A exposição é uma oportunidade não só para observar os traços mais marcantes do artista, mas também os testemunhos de seu engajamento político, através da acidez de suas caricaturas e charges, como Dança do Capital com a Morte, de 1950, e o retrato da efervescência de uma metrópole não tão distante nos quadros Cena de Café-Concerto e Cena de Cabaré, ambos de 1934.

Outras referências a esse fervor cultural são as correspondências do artista com Mário de Andrade à época que os dois se ocupavam com o planejamento da revista modernista Klaxon. Aliás Di Cavalcanti tem como característica fomentar o debate artístico e promover vanguardas, como comprova o intenso envolvimento do artista com bienais pelo mundo todo.

A exposição está aberta ao público de terça a domingo das 9 às 18 horas até o dia 18 de abril na Galeria Marta Traba do Memorial da América Latina na Av. Auro Soares de Moura Andrade, 664. A entrada é franca.

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