ISSN 2359-5191

13/04/2012 - Ano: 45 - Edição Nº: 18 - Sociedade - Faculdade de Direito
Na Faculdade de Direito, jornalista argentino fala sobre a luta pelo casamento civil homoafetivo

São Paulo (AUN - USP) - Em uma roda de conversa na Faculdade de Direito da USP, o jornalista e professor de português argentino Bruno Bimbi contou sobre a luta pelo casamento civil igualitário na Argentina, aprovado em 2010 por Cristina Kirchner, e sobre a campanha que começa no Brasil em abril pelo mesmo direito para os homossexuais.

O processo, que durou quatro anos, começou no mandato de Néstor Kirchner. Segundo Bimbi, o então-presidente não apoiou o projeto publicamente, pois a sociedade e a comunidade religiosa não estavam conscientizadas. ?Falar de casamento civil entre homossexuais na Argentina era o mesmo que falar de estatização de todos os bancos no Brasil: a ideia era absurda?, conta o jornalista. Foram necessários estudos das constituições dos países que já haviam aprovado a lei, como Espanha, África do Sul, Portugal, alguns estados dos Estados Unidos, além do conhecimento sobre textos de diversas religiões e a etimologia de palavras como matrimônio e casamento. Com isso, foram criados argumentos contra todos os paradigmas e preconceitos.

Para Bimbi, o ponto crucial no processo foi conseguir colocar o movimento acima da política do país. Deputados e senadores de partidos opositores se uniram na luta pelo casamento igualitário. A discussão se tornou nacional. Ouvia-se debater sobre casamento civil entre homossexuais nos ônibus, escolas, almoços de família e programas de televisão. Durante quatro ou cinco meses, esse foi o assunto principal na Argentina. Com a população conscientizada nas vésperas das eleições para a Presidência, não havia motivo para a presidente Cristina Kirchner não apoiar o projeto.

Em 15 de julho de 2010, o Senado argentino aprovou a lei que permitia o casamento civil homoafetivo. Em 30 de julho do mesmo ano, se casou o primeiro casal gay no país. A Argentina foi a primeira nação latino-americana a conceder os mesmos direitos legais aos gays e lésbicas que possuem os casais heterossexuais, como adoção conjunta de crianças e herança de bens. ?Hoje, na Argentina, ser homofóbico é tão politicamente incorreto quanto ser racista. Foi uma conquista que exigiu muito esforço, mas que trouxe excelentes resultados para toda a sociedade?, afirma Bruno Bimbi.

No Brasil, a campanha Casamento Civil Igualitário ? Os mesmos direitos com os mesmos nomes começou no dia 12 de abril, com uma ação no Rio de Janeiro, ampla divulgação na internet e apoio voluntário de artistas como Caetano Veloso, Chico Buarque e Mariana Ximenes. O movimento é liderado pelo jornalista argentino e pelo deputado federal Jean Willys. ?Não sei como vai ser a luta no Brasil, mas temos esperança de conseguir mais do que o direito à união estável que, apesar de ser um passo adiante, ainda demonstra muita diferença entre homossexuais e heterossexuais?, diz Bimbi. O site oficial da campanha é o www.casamentociviligualitario.com.br.

Atualmente, o jornalista nascido em Buenos Aires é doutorando em Estudos da Linguagem pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e autor do livro Matrimonio Igualitario ? em espanhol e prestes a ser traduzido e publicado em português. A roda de discussão na Faculdade de Direito aconteceu no final de março e foi organizada pelo Centro Acadêmico XI de Agosto.

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