ISSN 2359-5191

13/04/2012 - Ano: 45 - Edição Nº: 18 - Ciência e Tecnologia - Instituto de Física
Novo núcleo de pesquisa volta olhares para o céu (e muito além)

São Paulo (AUN - USP) - ?Cosmologia é muito legal!?. Foi exatamente assim que começou a apresentação de Laerte Sodré Jr., professor do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG-USP). A palestra fez parte da Segunda Jornada de Cosmologia, realizada recentemente no auditório do Departamento de Física Matemática. Mas, aparentemente, algo está meio confuso: o evento era sobre Física ou Astronomia?

As jornadas são resultado do recém-formado Núcleo de Cosmologia da Universidade de São Paulo, grupo que reúne pesquisadores e alunos do Instituto de Física (IF) da USP e do IAG. O núcleo foi criado exatamente para promover maior interação entre os institutos: ?Tem muita pesquisa em astronomia que envolve física e vice-versa. Acontece de estudos parecidos estarem sendo realizados simultaneamente em ambos os departamentos, mas sem se cruzarem?, explica Sodré, do Departamento de Astronomia do IAG. Com essa união, o professor espera otimizar e expandir os trabalhos de pesquisa sobre a Cosmologia moderna.

Uma vez por mês, o grupo realiza a Jornada Científica, evento focando os principais temas da Cosmologia observacional, teórica e da Astrofísica. Durante um dia inteiro, estudantes e pesquisadores debatem um tema e falam sobre seus projetos de pesquisa naquela área. ?A dinâmica nós estamos testando?, conta Raul Abramo, professor do Departamento de Física Matemática do IF e integrante do núcleo. Segundo ele, a intenção é que pessoas de diversas áreas e com visões plurais se debrucem sobre um mesmo tópico. ?Estamos tentando, está a maior correria?, completa o professor, apressando-se pelos corredores do instituto para conseguir aproveitar a parca meia hora de almoço.

O tema do último encontro foi ?Aglomerado de Galáxias?. A lógica é parecida com a do tradicional brinquedo russo Matrioshka ? série de bonecas colocadas umas dentro das outras, da maior para a menor: um conjunto de bilhões de estrelas e outros objetos astronômicos (nebulosas, por exemplo) unidos por forças gravitacionais e girando em torno de um centro de massa comum formam uma galáxia. Essas, por sua vez, podem ser encontradas em grupos de centenas e até milhares. Um grupo de galáxias próximas forma um aglomerado de galáxias. É importante lembrar, no entanto, que menos de 10% das galáxias encontram-se em aglomerados.

Durante o evento, o também professor do Departamento de Astronomia do IAG, Eduardo Serra Cypriano, ressaltou a importância de estudar os aglomerados: ?[um aglomerado] É a maior estrutura conhecida que já entrou em equilíbrio viral, ou seja, que estabilizou-se, não está expandindo nem contraindo mais?. Ele explica também que, quanto maior a massa da estrutura, mais jovem ela é. Os aglomerados, portanto, são muito jovens, só conseguiram se formar em tempos recentes. Por isso, é possível acompanhar a formação e interação de diversas estruturas ali presentes de tal forma que não seria possível se apenas galáxias fora do meio intra-aglomerado fossem analisadas.

Os aglomerados de galáxias são formados 80% por matéria escura. Essa partícula é, no entanto, hipotética e invisível, não se sabe do que ela é feita. Mesmo assim, essa teoria é, até o momento, a única consistente com diversas observações astronômicas para justificar certos números e teorias que deveriam coincidir, mas que não batem.

O estudo da Cosmologia é, assim, cercado de dúvidas, hipóteses, incertezas. Sodré explica que, embora Astronomia e Física convirjam em muitos aspectos, uma distinção é fundamental: a Física trabalha com leis ? em função delas, os fenômenos podem ser reproduzidos em laboratório, sem diferenciação, e os resultados obtidos são, geralmente, esperados com base nas teorias ?, enquanto a Astronomia opera por meio da observação. ?No meio em que estudamos, o experimento se realiza sozinho. Ele está acontecendo, cabe a nós observar e tentar entender?, completa Abramo.

Mas Sondré afirma que são exatamente essas dúvidas que tanto impulsionam seu trabalho e dos demais colegas. E não seria diferente com a maior parte da população que acompanha, de longe, pelos jornais, cada pequeno avanço. O professor confessa que, no fundo, sabemos pouco sobre a constituição das coisas e sobre nossas origens. Esses temas exercem um apelo grande sobre o humano: ?Não é à toa que vemos constantemente belas fotos do Universo nos jornais. As pessoas olham para aquilo e pensam ?nossa?!?, conclui Abramo.

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