ISSN 2359-5191

13/04/2012 - Ano: 45 - Edição Nº: 18 - Economia e Política - Instituto de Relações Internacionais
O Brasil poderá perder parte significativa do PIB se não reduzir os efeitos do aquecimento global

São Paulo (AUN - USP) - O Brasil poderá perder pouco mais de R$ 3,6 bilhões até 2050 sem medidas para frear o aquecimento global. Essa é a conclusão do professor Jacques Marcovitch, do Instituto de Relações Internacionais (IRI) da USP, em sua pesquisa Economia das Mudanças Climáticas no Brasil. O estudo utiliza os cenários criados pelo IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change): A2, que seria um mundo heterogêneo, onde países se voltam para a autossuficiência, e o crescimento econômico entre os países é díspare; e B2, em que os países adotam políticas de sustentabilidade social, a população cresce a uma taxa inferior à do A2 e a disparidade de renda é menor.

Com os impactos das mudanças climáticas, o Brasil terá uma perda permanente de 0,5% no PIB de 2050 em A2 e de 2,3% em B2, se comparado ao panorama sem mudanças climáticas. Mesmo assim, o cenário B2 ainda é mais lucrativo, pois nele o PIB cresceria mais, de forma compensatória. Para o cidadão médio, as perdas acumuladas até 2050 trazidas para os valores de 2008, ficariam entre R$ 6 mil e R$ 18 mil, representando de 60% a 80% do consumo anual per capita atual.

No entanto, essas mudanças não serão sentidas igualmente em todas as regiões do País. Norte e Nordeste, que apresentam maiores índices de pobreza, serão as mais afetadas. No Piauí, por exemplo, as áreas cultiváveis podem ser reduzidas em quase 80%. Além disso, o excedente hídrico para a produção de energia chega a cair mais de 90% nas bacias do Parnaíba e do Atlântico Leste.

O Brasil está em uma posição intermediária quanto à precaução do aquecimento global. "Nós temos países mais desenvolvidos, com muitos mais recursos, e bem menores. Os países nórdicos, Cingapura, mesmo a Holanda, são países que tem uma consciência ecológica muito maior porque eles tem uma história e uma tradição muito maior e eles sofrem há mais tempo as consequências dessas mudanças climáticas", explica Marcovitch. Nos países nórdicos, a pesca, sensível a mudanças climáticas, é uma atividade econômica importante, fazendo com que indiretamente eles dependam da preservação ambiental em outros países, pois o gulfstream, corrente que leva as águas do Amazonas do Golfo do México ao Pólo Norte, aquece a região, permitindo a atividade, existindo pressão externa pela preservação ambiental no Brasil.

Estima-se que hoje, no País, o desmatamento da Amazônia seja responsável por cerca de 60% das emissões de gases estufa. Marcovitch aponta o REDD (redução de emissões de desmatamento e degradação de florestas) como uma possível solução para o problema. O mecanismo funcionaria da seguinte maneira: o Brasil receberia um pagamento em quantia no mínimo igual à renda atual gerada pelo desmatamento para preservar a floresta. Um preço médio de US$ 3 por tonelada de carbono seria eficiente para desestimular grande parte da criação de gado na Amazônia, atividade que embora represente 70% do desmatamento é pouco lucrativa, representando 20% da renda.

No entanto, Marcovitch afirma que é preciso entender que não existe uma solução única para todo o bioma. Por isso é necessário continuar pesquisando, pois os impactos devem ser ainda maiores posteriormente a 2050 e mesmo 2100.

Para mais informações: http://www.usp.br/mudarfuturo/economiadoclima.htm

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