São Paulo (AUN - USP) - Pesquisadores do Ipen (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares) estão desenvolvendo um procedimento químico que aumenta a resistência de plásticos ao calor e torna a falsificação de documentos de identidade e cédulas de dinheiro algo praticamente impossível.
Unindo um composto à base de európio, metal do grupo das terras raras, a polímeros como a poliamida, matéria-prima do náilon, a química Duclerc Parra e seu orientando de mestrado, Leonardo Marchini, desenvolveram um plástico que, além de resistir a altas temperaturas, também é capaz de emitir luz.
A ideia é utilizar esse material luminescente durante a fabricação do papel que compõe notas de dinheiro e documentos como RG, Título de Eleitor e CPF. Duclerc explica que ?todas as cédulas já possuem marcadores ópticos, mas com a aplicação da poliamida enriquecida com európio esse sinalizador torna-se muito mais específico e evidente?.
Sob iluminação natural, o material apresenta a mesma aparência de um pedaço de saco plástico transparente. Contudo, quando são aplicadas sobre ele ondas luminosas específicas, surge uma forte coloração rosada, perfeitamente visível a olho nu.
Marchini conta que esse fenômeno ocorre graças ao chamado ?efeito antena?: processo no qual ?ligantes orgânicos absorvem íons que são, em seguida, emitidos pelo európio?.
Assim, se uma nota ou documento estiver sob suspeita de falsificação, bastará submetê-lo a uma lâmpada ultravioleta e verificar a tonalidade que o papel assume. Caso a cor permaneça a mesma, os fiscais poderão concluir que a cédula é falsa.
Questionada sobre o preparo das autoridades públicas para encarar esse novo método de vigilância, Duclerc garante que qualquer órgão pericial ou posto da Polícia Federal já possui equipamentos sofisticados o suficiente para conduzir testes de cédulas com traços de európio.