São Paulo (AUN - USP) - Compasso e régua podem se tornar coisas do passado. Um projeto-piloto do Instituto de Matemática e Estatística da Universidade de São Paulo busca capacitar professores do país a utilizarem os recursos da informática nas aulas de matemática.
De acordo com o coordenador do projeto, o professor Leônidas Brandão, o uso do computador no ensino da matemática pode trazer muitos benefícios para o aluno. “Através dos softwares, dá para ensinar matemática do método tradicional, mas também dá para deixar o aluno experimentar e descobrir as propriedades sozinho”, explica o professor. Segundo ele, algumas tentativas de trazer o computador para a aula não são bem-sucedidas, pois muitas vezes o computador funciona como uma espécie de “livro-eletrônico”, deixando de lado recursos mais ricos.
A geometria é um dos campos onde o potencial de uso da informática é maior, já que facilita a interação do aluno com o conteúdo. Sem o computador, muitas vezes, o estudante necessita de um árduo trabalho de desenhar e apagar estruturas para conseguir demonstrar uma equação. “A matemática não é feita de fórmulas mágicas”, diz Leônidas, destacando a importância do aluno entender o que está fazendo ao invés de decorar as fórmulas.
Um dos benefícios mais acessíveis gerado pelo projeto é o iGeom, um software especializado no ensino da geometria que conta com diversos recursos e ferramentas. O iGeom está disponível gratuitamente a professores e alunos na internet, e pode ser usado conectado à rede ou não. Periodicamente, o instituto oferece aos professores de matemática um curso para ensiná-los a melhor aproveitar os recursos da tecnologia. Criado em 1996, o LEM, Laboratório de Ensino de Matemática, é um espaço para o desenvolvimento e teste de material didático de matemática que usa o computador como ferramenta. Além dos professores, o laboratório costuma receber alunos de escolas conveniadas para experimentar o programa.
Atualmente, as ofertas de cursos foram reduzidas a apenas uma turma de 20 professores ao ano devido à baixa divulgação do projeto. Segundo o professor Leônidas, como o projeto ainda se encontra em fase de teste, a divulgação fica prejudicada, já que os responsáveis pela iniciativa acabam não conseguindo se dedicar integralmente ao programa por manter outras atividades na universidade e, devido à falta de convênios firmados, não conseguem contratar estagiários para lhes ajudar. “Por tradição, a prestação de serviços é pouco incentivada na USP como um todo, ao contrário de outras áreas, como a pesquisa, para a qual existem mecanismos de apoio há muitos anos”, declara o professor.
Leônidas diz, entretanto, que o curso está aberto aos grupos de professores interessados. Para isso, os docentes devem entrar em contato com os responsáveis pelo projeto. Segundo o coordenador, no ano que vem a situação do LEM deve se estabilizar e o número de turmas e a divulgação crescerem. Até lá, um novo software de ensino de funções que está sendo desenvolvido deve também ser colocado em uso.
No iMática, site criado pelo projeto, os interessados podem se informar sobre os cursos para professores, ter acesso ao iGeom, além de conseguir informações sobre outros assuntos ligados à matemática. O endereço do iMática é http://www.matematica.br.