São Paulo (AUN - USP) - Uma pesquisa sobre o 'Caos Ativo', realizada pelo Instituto de Física da USP, procura compreender o comportamento e a trajetória realizada por diferentes corpos em fluido (ar e água, por exemplo) após chocarem-se com algum tipo de obstáculo. Ela recebe esse nome porque o movimento dos corpos obedece a uma dinâmica caótica, em que os deslocamentos realizados não podem ser precisamente definidos. Além disso, durante a trajetória, os corpos estão em constante atividade.
A pesquisa mostrou que o movimento resultante do choque entre os corpos em fluido e uma determinada barreira influencia diretamente atividades como reações químicas e reprodução. Dessa forma, o choque seria responsável, por exemplo, pela aceleração de reações entre diferentes substâncias, funcionando de forma semelhante a um catalisador.
Atualmente, o professor do Instituto de Física da USP Alessandro Moura procura aplicar a teoria aos chamados fluidos turbulentos, que apresentam uma dinâmica mais complexa e mais próxima das situações reais. Com isso, a aplicabilidade da teoria é ampliada a outros campos de pesquisa, como Ciências Atmosféricas e Químicas.
Segundo o professor, o processo desencadeado pelo ‘Caos Ativo’ pode ser usado nos estudos referentes à aceleração da destruição da camada de ozônio. Isso ocorre porque os poluentes presentes no ar, ao chocarem-se com um obstáculo (uma formação rochosa, por exemplo), reagem de forma mais rápida e intensa com o ozônio, causando o decaimento do elemento e a conseqüente devastação da camada.
A teoria também pode ser aplicada nos estudos que procuram explicar a coexistência pacífica de espécies competitivas de plânctons, conhecida como Paradoxo de Hutchinson. A trajetória do movimento percorrido por esses microorganismos após o choque com algum tipo de barreira, como uma ilha ou formação vulcânica, possibilita que as diferentes espécies habitem cada qual o espaço adequado para seu desenvolvimento. Com isso, o ambiente torna-se mais rico em sua biodiversidade.
A pesquisa, iniciada em 1998, conta hoje com pesquisadores de vários países, como Alemanha e EUA e é coordenada pelo professor Celso Grebogi do Instituto de Física Aplicada da USP e pelo professor Tamás Tél da Universidade de Budapeste.