São Paulo (AUN - USP) - Em sua tese de mestrado Arquitetura para a educação: a contribuição do espaço para a formação do estudante, o arquiteto Mario Fernando Petrilli do Nascimento, buscou relações entre o discurso pedagógico e a produção do espaço na arquitetura. A conclusão do trabalho apontou para uma maior necessidade de diálogo entre arquitetos e pedagogos, com a finalidade de construir de maneira mais satisfatória os ambientes para o desenvolvimento dos estudantes.
Durante boa parte do século 20, a urgência do poder público em aumentar o número de vagas em escolas, no Brasil e no mundo, levou à adoção de soluções mais práticas e rápidas para os projetos escolares. Foram criados moldes de implantação, ou seja, projetos-modelo e, posteriormente, a padronização de ambientes e maneiras de se construir. Empregados desde a década de 70, as opiniões sobre sua eficácia são bastante polêmicas. Para Mario, entretanto, os modelos rígidos da FDE (Fundação do Desenvolvimento para a Educação) atrapalham o processo criativo e o diálogo entre pedagogos e arquitetos.
“Os projetos-modelo são aplicados já há muito tempo. Seus resultados são satisfatórios, mas isso não quer dizer que sejam totalmente bons”, afirma o pesquisador. Para ilustrar seu argumento, ele reforça que “as exigências são as mesmas para uma escola em Ubatuba ou em Campos do Jordão. É como uma roupa de tamanho único: pode servir a todos, mas muito dificilmente vestirá alguém com perfeição”.
O problema da demanda por vagas em escolas não deve ser esquecido em prol de uma construção arquitetônica mais elaborada, na opinião do pesquisador, mas deveria haver uma margem de experimentação. Assim, uma acomodação com um procedimento estabelecido seria evitada, aperfeiçoando as relações entre espaço e ensino.
A conclusão da pesquisa ainda aponta para a necessidade de uma arquitetura mais maleável, que possa se adaptar com as transformações tecnológicas, que ocorrem com o tempo. “Há 20 anos não havia a necessidade de um laboratório de informática. Precisamos pensar que daqui a 40 anos muita coisa terá mudado, mas o edifício projetado ainda estará lá, de pé”, afirma o arquiteto.
Mas, além de comportar as mudanças tecnológicas, a arquitetura deve fazer o mesmo com as mudanças pedagógicas, mostra o estudo. Com a evolução nos métodos de ensino, torna-se importante a criação de espaços de interação social entre alunos, de modo a que aprendam de forma prazerosa, praticando atividades lúdicas, por exemplo. Ainda nessa lógica, a integração da própria escola com a comunidade em que ela está inserida é fundamental, sendo um dos fatores para a redução do vandalismo e ajuda a solidificar o conceito de equipamento público. Isso é o que acontece nos CEUs (Centros de Educação Unificados), unidades de ensino localizadas nas periferias de São Paulo, voltadas à educação, mas com uma grande variedade de espaços de lazer e cultura.