São Paulo (AUN - USP) - “É culpa nossa a política estar como está ou será que é culpa da política nós estarmos como estamos?” A dúvida de um aluno reflete os questionamentos do FEA Debate, com participação de Paul Singer, na sexta-feira, dia 27 de abril.
Junto com aproximadamente 60 alunos de diferentes unidades da USP, o economista, professor e secretário nacional de Economia Solidária desde 2003, discutiu o tema Ativismo Partidário ou não partidário.
Singer admitiu, logo no início, que a crise dos partidos brasileiros é muito clara e se reflete também nos outros países. Segundo ele, há um esvaziamento desse modo de fazer política. “Cada vez menos pessoas participam dos partidos, mas elas vão às praças.” O engajamento e mobilização política dos jovens são muito importantes para Singer. Porém, ele acha preocupante o futuro dessas últimas movimentações como o Occupy e os Indignados em relação a seu futuro. Segundo ele, esses grupos “não são capazes de formular uma alternativa eficaz”.
O economista destaca a participação massiva de estudantes nesses movimentos, que se justifica pelo fato de que a taxa de desemprego entre os jovens de 18 a 24 anos chega a ser quase o dobro da taxa normal: “Quem não está na universidade hoje está praticamente fora do mercado de trabalho”. Já o afastamento desses jovens da participação política por meio de legendas se deveria a uma tendência à degeneração pelo eleitoralismo. “O partido que deveria ser representativo da sociedade, vira parte de um grupo de políticos profissionais.”
Ao destacar a importância da questão, Singer admitiu não ter uma resposta pronta para isso, mas algumas alternativas. Para ele, a única forma de diminuir o monopólio dos partidos seria participando deles: “Ou mudamos de sistema, ou mudamos o sistema entrando nele”.
Eleições também foram colocadas em pauta: Singer acredita que há uma grande chance de que Dilma se reeleja e que, apesar de considerá-la uma ótima presidente, preocupa-se com a longa permanência do PT no governo federal, pois, segundo ele, a alternância de legendas é muito importante.
Sobre os EUA, o professor foi categórico: “Apoiar Obama atualmente é fundamental”. Ele acredita que próximas eleições norte-americanas serão decisivas: caso haja vitória republicana, há risco de um imenso retrocesso político e de pensamento liberal.
Interessado e satisfeito com o interesse dos estudantes pelo assunto, Singer incentivou que as discussões ali travadas fossem disseminadas pelas outras universidades e alunos. “A única maneira de ter uma atividade política é debatendo, a troca de ideias é chave para encontrar saídas.”