São Paulo (AUN - USP) - Do dia 28 de maio a 1 de junho, se dará o plebiscito para decidir sobre a implantação de catracas na FEA (Faculdade de Administração e Economia) USP. Em debate organizado pelo CAVC (Centro Acadêmico Visconde de Cairu), Reinaldo Guerreiro, diretor da FEA, e Raquel Rolnik, que é urbanista, professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP (FAU-USP) e relatora especial da ONU para o direito à moradia adequada, discutiram a questão das catracas e da segurança. O evento, que ocorreu na semana em que se completava um ano do assassinato de aluno da FEA, em maio de 2011, contou com um público de aproximadamente 250 alunos.
A consulta será feita, por meio de voto paritário, a discentes, docentes e funcionários da unidade. A medida foi bastante elogiada por Raquel. “Cumprimento a FEA pela decisão do plebiscito, ao compartilhar essa decisão com alunos e funcionários.” Segundo Reinaldo, foram instaladas câmeras na unidade em 2010, mas elas sozinhas não são suficientes. “A câmera é um elemento dentro de um conjunto, é preciso um plano de segurança.” Nesse sentido, as catracas seriam um meio de controle de quem circula na FEA, para eventual identificação de infratores nas gravações – o que, hoje, só seria possível para casos praticados por pessoas da própria comunidade da faculdade.
Já para Raquel, a questão envolve mais que a segurança, mas o que é o espaço público. E a professora cita a FAU, onde, além de professora, também foi aluna. “Aquele lugar não tem porta e nunca terá. Lá foi um lugar que formou o meu ser, lugar que se define como espaço público e posição, não só espacial, mas também política dele com a comunidade.”
De acordo com a urbanista, há roubos e furtos na FAU, a questão é como isso é enfrentado. “O caminho da porta, câmera, muro pode ser o mais pragmático, mas não da relação desse espaço com a sociedade heretogênea que o freqüenta.” Reinaldo pontua, porém, que é cobrado, enquanto diretor, a agir de forma a minimizar esses problemas.
Segundo ele, que se diz, sob o ponto de vista ideal e filosófico, em acordo com a professora, “Estamos numa sociedade em que nem todas as pessoas são desenvolvidas espiritualmente.” E que, diante do problema de segurança, ele não vê outra saída que não o uso de certas ferramentas como as catracas e as câmeras.
Raquel problematiza então que a questão é “De quem nós queremos nos defender?” Segundo ela, ao se instalarem catracas, coloca-se um sistema de seleção antes de se travar a discussão de quem pode frequentar a USP. “Há pessoas pouco desenvolvidas espiritualmente dentro e fora da USP”, uma medida fundamental, para ela, seriam campanhas culturais e tecnologia social de envolvimento e conscientização do que significa roubar o próprio colega.
Reinaldo agradeceu a presença dos alunos, “Aquilo que nossa comunidade decidir me deixará feliz”, disse ele, que deve agora aguardar o resultado do plebiscito na FEA. Para Raquel, no entanto, essa não é uma questão só da FEA, a implementação ou não das catracas representam um posicionamento no conjunto da Universidade.