ISSN 2359-5191

01/06/2012 - Ano: 45 - Edição Nº: 36 - Ciência e Tecnologia - Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas
Tese faz introdução ao estudo do clima paulista

São Paulo (AUN - USP) - A dissertação de Mestrado Oscilação interdecadal do Pacífico e seus impactos no regime de precipitação do Estado de São Paulo foi premiada, recentemente, durante o IV Simpósio de Pós-Graduação do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP. O trabalho descreve o clima do estado e a complexa gama de fatores que o influenciam.

Um dos focos da pesquisa foi o fenômeno El Niño, talvez o mais conhecido evento climático do Oceano Pacífico. Resultado do aquecimento anormal das águas daquele oceano, o El Niño ocorre a cada três até sete anos. A chamada Célula de Walker, corrente de circulação de ar que propaga os efeitos do evento em volta da linha do Equador, torna a sua influência bem mais marcada nas regiões Norte e Nordeste do Brasil, onde traz ondas de seca intensa. Mas, em nosso estado, os impactos são bem menos claros. “Em São Paulo, estamos um pouco longe”, diz Luciana Prado, autora da tese. Por isso, o El Niño só nos atinge indiretamente, por propagação. Além disso, São Paulo fica numa região transitória entre o clima subtropical da região Sul e os climas equatorial e semi-árido do Norte-Nordeste. Isso torna o comportamento do clima paulista bem mais complexo. Segundo Luciana, o estado “não responde linearmente às influências”. Outros fatores, como os padrões de vento na alta atmosfera, devem ser contabilizados ao se avaliar o impacto do El Niño.

Na verdade, o clima de São Paulo é heterogêneo por si próprio. Por isso, Luciana dividiu o Estado em três áreas: a costa, sob influência direta do mar; a Serra da Mantiqueira, onde o regime pluviométrico é regulado pela evaporação da água nas montanhas (as chamadas chuvas orográficas) e o interior, mais seco. Com base em 107 anos de dados mensais, Luciana descobriu uma influência muito irregular do El Niño sobre o estado. Em determinados meses, o índice pluviométrico podia aumentar, em outros, podia ser reduzido. “Não tem um certo padrão”, afirma. Nesse campo, o trabalho vem confirmar previsões já existentes.

Outro fenômeno analisado foi a chamada Oscilação Decadal do Pacífico (ODP), que consiste na variação da pressão atmosférica no Pacífico Norte. Como um ciclo inteiro desse evento pode durar até 50 anos, há menos dados disponíveis a seu respeito, o que torna mais difícil estudá-lo. No entanto, sabe-se que a baixa pressão no Pacífico ocasiona um aumento da temperatura na costa oeste dos EUA e ao redor da linha do Equador. Devido à similaridade de efeitos, desde os anos 90, trabalhos já teorizavam uma possível intensificação do El Niño devido à ODP.

Mais uma vez, as respostas do clima paulista se mostraram irregulares. Na costa, a ODP causa mais impacto durante o verão e a primavera, algo semelhante ao ocorrido na Serra da Mantiqueira, embora, lá, o impacto não englobe o início do verão. Já no interior, os efeitos da OCD aparecem durante o outono e a primavera. “Agora seria interessante descobrir por que nesses meses”, diz Luciana.

O trabalho representa uma introdução ao estudo do clima de São Paulo e abre espaço para a expansão de suas descobertas em futuros estudos.

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