ISSN 2359-5191

04/06/2012 - Ano: 45 - Edição Nº: 37 - Saúde - Faculdade de Saúde Pública
O fim da Cracolândia, o fim das esperanças

São Paulo (AUN - USP) - “Aquele lugar era, para algumas pessoas, onde milagres poderiam acontecer.” A frase foi dita por Rubens de Camargo Ferreira Adorno, professor da Faculdade de Saúde Pública da USP (FSP/USP) e pesquisador do Laboratório Interdisciplinar dos Estudos em Saúde Pública (Liesp), em sua palestra durante a abertura do seminário A Cracolândia muito além do crack, recentemente na FSP.

Segundo o pesquisador, muitos dos moradores de rua que se abrigam na região esperam que ela sirva como caminho de saída das ruas. “Ela é um dos centros de atenção do País. Muitos dos que iam para lá acreditavam que, quando aquilo fosse solucionado, eles seriam levados para um lugar melhor. Doce ilusão”, afirma.

Adorno também tratou sobre a Operação Cracolândia, realizada na região no início de 2012. “Foi uma política higienista, aos moldes do que aconteceu com Oswaldo Cruz e a Revolta da Vacina no Rio e também com a caça aos portadores de hanseníase.”

Segundo ele, a ação é consequência de dois fatores principais: a divulgação pela mídia e a pressão da Copa do Mundo de 2014, que terá São Paulo como uma das suas cidades-sede. “Não se admite que a Cracolândia exista justamente no corredor por onde passará o público”, afirma.

Desde o ano de 2010, a Cracolândia recebe grande espaço na imprensa, que alertava o público brasileiro e estrangeiro para a existência de uma área de intenso tráfico e consumo de drogas. Para o professor da FSP, isso fez com que a região fosse alçada ao status de problema nacional, despertando a sensação de pânico moral na população.

Todas as Cracolândias
O pesquisador também citou os vários sentidos que podem ser dados à Cracolândia. Além do “lugar onde podem acontecer milagres”, moradores também a definiram como zona em que “Deus e o Diabo convivem” e “rave pública”. Segundo ele, o local também era parecido com uma grande feira, onde se trocava de tudo: objetos furtados, recicláveis, drogas e até mesmo afetividade e sexo.

A Cracolândia também poderia ser definida como uma grande “quebrada” em pleno centro da cidade. A última definição apresentada por Adorno é parecida com a citada no início desta matéria: a região seria o refúgio urbano da periferia, ou seja, uma espécie de Meca aonde boa parte dos moradores de rua se dirigiam para que, por causa da atenção dada ao local, nada de mal lhes acontecesse.

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