São Paulo (AUN - USP) - Há cerca de dez anos, a biblioteca da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP inaugurou a sala de obras antigas. Entretanto, foi apenas de 2010 para cá que se iniciou o processo de restauração de inúmeras obras. Entre elas estão uma tese de doutorado de 1943, um jornal dos estudantes de 1937 e o livro mais antigo da biblioteca, publicado em 1824.

Segundo Rosa Maria Fischi e Sandra Toledo, funcionárias da biblioteca e responsáveis pela iniciativa, como o estudo para determinar quais obras são raras é muito complexo, ainda não foi realizado. Assim, a restauração foi iniciada pelas obras mais antigas e em pior estado de conservação da área de veterinária. O trabalho foi respaldado por uma verba que eles recebem da Reitoria por meio do Sibi (Sistema Integrado de Bibliotecas), uma vez que o processo de restauração tem um custo elevado e deve ser feito por profissionais competentes.

A idéia é manter o documento o mais original possível. “A nossa preocupação é não perder o patrimônio, não só da FMVZ, mas da Universidade de São Paulo e da nossa sociedade. Essas obras são um patrimônio cultural, histórico e social. É essencial preservá-las”, relata Sandra. Rosa ainda destacou a importância de recuperar jornais realizados pelos alunos: “Não existe universidade sem alunos. Eles refletem o período vivido dentro da universidade, são parte fundamental e essencial da formação de uma universidade.”

Reconstituição da história em um jornal
Entre os documentos recuperados está a primeira edição do jornal estudantil O Veterinário. Realizado em abril de 1937 pelo Centro Acadêmico Nove de Julho, o jornal contou com a participação de Waldemar Baroni Santos. O então estudante formou-se na Universidade, tornou-se docente na própria FMVZ e hoje, sendo o segundo docente com mais idade da USP, aos 97 anos e sem poder sair de casa por conta de problemas com a saúde, emocionou-se ao saber da existência desse jornal.

Segundo destaca o professor e diretor da FMVZ Enrico Lippi, que informou Baroni sobre esse material restaurado, a idéia é apresentar os jornais na residência do ex-docente, e tirar algumas fotografias para serem expostas numa futura exposição de todos os exemplares restaurados. “Ele fala cinco idiomas, entre eles o latim. Como naquela época aprendia-se desde pequeno, chega a falar melhor que o próprio português. Vamos ter que falar com ele em latim”, brinca Lippi.

Jornais de alunos realizados em épocas de disputas eleitorais pelo Centro Acadêmico do ano de 1956 também foram restaurados. Entre eles estão O Espéculo, O Badalo e Escato. Além deles, uma tese de doutorado de Estanislau Górniak, já falecido e pai da atual professora do Departamento de Patologia da FMVZ Silvana Lima Górniak, sobre eqüinos, apresentada em Belo Horizonte também está no belo acervo da biblioteca. Merecem igual destaque o livro mais antigo, publicado (em francês) no ano de 1824 em Viana por Joannes Godofredus Bremser, e o livro publicado no ano de 1858 (em português) intitulado A arte americana de amansar cavalos.

Outras obras serão restauradas assim que mais verba entre por meio do Sibi. Segundo Rosa e Sandra, a idéia é realizar exposições por período determinado e curto, uma vez que essas relíquias devem ser armazenadas de forma correta em um ambiente adequado. Entretanto, as obras estão à disposição em um acervo para visitas monitoradas. A sala de obras antigas está aberta para visitação com agendamento prévio. Mais informações no site www.fmvz.usp.br.