São Paulo (AUN - USP) - Pesquisa realizada pela professora Lygia de Veiga Pereira, do Laboratório Nacional de Células-Tronco Embrionárias do Departamento de Genética e Biologia Evolutiva pode ser dividida em três vertentes: a primeira estuda o cromossomo X e eventos relacionados a ele logo no começo da vida, e para isso faz uso de células-tronco embrionárias; a segunda vertente produz células-tronco para um futuro uso em terapias; na última, são produzidas células-tronco para que drogas novas sejam testadas.
O teste de fármacos é o ramo da pesquisa que mais tem interessado à professora Lygia. “Antes de chegar a um ser humano com uma nova droga, é importante a gente ter modelos para fazer testes e prever se a droga é segura e eficaz”, explica. O uso de células-tronco como esses modelos não excluiria a fase de testes em humanos, mas poderia diminuir o número de remédios testados em pessoas e animais. O processo aconteceria de modo a transformar as células-tronco em células do coração, por exemplo. Nela seria testada, então, uma nova droga para doenças cardíacas e se poderia observar a reação da célula.
As células-tronco usadas no Laboratório Nacional de Células-Tronco Embrionárias são produzidas, ou seja, cultivadas em laboratório, a partir de embriões doados para pesquisa ou de outras células quaisquer do corpo que são reprogramadas para a forma pluripotente, as quais podem se transformar em qualquer outra do corpo.
A produção de células-tronco de Lygia é disponibilizada também para outras pesquisas, principalmente na área de terapias, umas das áreas mais conhecidas dos trabalhos com esse tipo de célula. “Elas são uma grande promessa como fonte de tecidos para transplante”, esclarece.
As células reprogramadas são utilizadas para a pesquisa farmacológica. A ideia segundo Lygia é formar, a partir de coleta de sangue, uma biblioteca do povo brasileiro para que essas células sanguíneas sejam transformadas em pluripotentes e essas em células adequadas para o teste do remédio, a depender da função que a droga desempenhará no corpo. Essa pesquisa ainda se encontra na fase de reprogramação celular.
As células embrionários doadas são utilizadas para a pesquisa com o cromossomo X. Busca-se, com ela, esclarecer como alguns genes são ativados e como outros não o são logo após a formação do embrião. Mas a pesquisadora ainda está procurando formas de cultivar os embriões para que eles reproduzam esses eventos.
“As coisas são apresentadas pela mídia de uma forma meio simplificada que pode dar a falsa impressão de que nós já estamos tratando uma série de doenças com células tronco, o que não é verdade” deixa claro Lygia, que mostrou preocupação várias vezes com o fato de seu trabalho ser ainda apenas uma pesquisa.