São Paulo (AUN - USP) - Uma pesquisa que procura conscientizar um olhar crítico menos subjetivo para o espaço foi finalizada recentemente. Eduardo de Jesus Rodrigues, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP), rediscute a questão do espaço, colocando-o como matéria-prima para o trabalho do arquiteto. Ele ainda sugere que fotografias sejam tiradas de uma paisagem urbana para que sua composição seja analisada.
O espaço é algo que só conseguimos lidar a partir de nossos sentidos. Esses, de acordo com o pesquisador, vêm carregado de uma série de valores culturais impugnados na visão do observador, e o julgamento que se impõe sobre uma paisagem qualquer está repleto de preconceitos.
A ideia é fotografar a região de diferentes ângulos, constituindo um campo de visão bastante amplo. Os sistemas presentes nessas imagens seriam quantificados, tais como árvores, edifícios, malhas urbanas, céu, calçadas, muros, casas e pessoas, por exemplo. A partir daí, seria extraída uma média, ou seja, um número mais objetivo que pudesse traduzir, não só com opiniões, as impressões de um determinado espaço. A composição, a harmonia, o ritmo e a homogeneidade desse todo também seriam avaliados. Além disso, seriam levadas em consideração eventuais medições de outros fenômenos não presentes na fotografia, como ruídos, aromas e movimento.
A teoria é similar a de arquitetos italianos, em especial a do filósofo Attilio De Bernardi. Ele propõe um método capaz de medir a “aura” dos objetos numa paisagem. Assim, é possível medir a influência e interferência que esses exercem sobre a “aura” de outros objetos próximos. O adensamento das megalópoles brasileiras, entretanto, impede que esse método seja aplicado com eficiência, segundo o próprio Attilio. Dada essa impossibilidade, foi buscado um outro modo, mais preciso, para olhar para o espaço das grandes cidades.
A pesquisa ainda discutiu os diferentes entendimentos do conceito de espaço. Na teoria da física quântica, um átomo pode ocupar simultaneamente mais de um lugar no espaço. Segundo Eduardo, isso causa um espanto em nossas mentes, formadas pela lógica cartesiana de tempo e espaço finitos. Desse modo, a pesquisa A Questão do Espaço torna-se mais viável quando no universo da física clássica, mais familiar a nossa percepção.