ISSN 2359-5191

11/06/2012 - Ano: 45 - Edição Nº: 40 - Ciência e Tecnologia - Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas
Pesquisa estuda a evolução de escarpas na crosta terrestre

São Paulo (AUN - USP) - Contemplada recentemente com o prêmio Destaques do Doutorado, a tese Modelagem numérica conjunta de processos sedimentares e tectônicos em bacias sedimentares analisou, pela primeira vez, as influências do rifte (separação continental) e de processos externos sobre a formação e evolução de escarpas nas margens dos continentes.

A Terra é o único planeta do Sistema Solar a apresentar tectônica de placa, ou seja, em que a litosfera é dividida em placas tectônicas e em deslocamento. Disso resultam a divisão entre continentes e oceanos, a formação de cadeias de montanhas e a criação de bacias sedimentares, entre outras consequências. Pesquisas antigas já demonstravam que o interior do planeta está sujeito a influências externas. O derretimento de geleiras, por exemplo, alivia a pressão sobre o manto e torna a litosfera sujeita a elevações devido ao empuxo. Essa elevação é lenta, pois a astenosfera, camada do manto em contato imediato com a litosfera, é muito densa e de movimentação lenta, chega mesmo a parecer sólida ao observador comum. Assim, isso não se traduz numa maior ocorrência de tremores intensos, como se observa em áreas onde duas ou mais placas tectônicas se encontram. “Demora milhares de anos para a astenosfera fluir perceptivelmente”, diz Victor Saceck, autor da pesquisa. Algumas áreas do Canadá e do norte da Europa ainda estão em processo de soerguimento, devido ao degelo no fim da última Era Glacial.

A erosão é outro fenômeno externo que influencia a dinâmica da litosfera. Segundo Saceck, o desgaste da crosta “redistribui a massa na superfície da Terra”. A região erodida fica, então, menos espessa e sujeita a vários quilômetros de soerguimento da litosfera pela pressão da astenosfera. O oposto ocorre nas áreas para onde a matéria erodida foi levada, em que a sedimentação aumenta a carga sobre as placas, resultando em subsidência, ou seja, deslocamento para baixo.

O trabalho simulou esses processos e suas interações por meio de modelos no computador e apontou sua influência na formação e evolução de escarpas. Em circunstâncias normais, essas elevações, uma vez formadas, se movem aos poucos em direção ao interior do continente, devido ao movimento das placas tectônicas. Mas, segundo as descobertas do estudo, a subsidência da litosfera e a erosão causam o nivelamento de escarpas formadas próximas ao rifte com o resto do continente graças ao afinamento da crosta. Porém, esse processo pode resultar no surgimento de novos dobramentos no interior do continente, menos móveis do que aqueles formados na borda. A Serra do Mar é um exemplo de escarpa provavelmente surgida já no interior durante a separação entre as placas da África e da América do Sul e, portanto, mais ou menos imóvel ao longo de sua história.

O trabalho estudou também a magnitude dos soerguimentos em zonas da placa que passem sobre plumas (regiões do manto com temperatura mais elevada). Segundo Saceck, essas elevações atingem centenas de metros e "podem influenciar a evolução das bacias sedimentares ao longo das margens continentais". No momento, o pesquisador estuda outras possíveis consequências desse fenômeno.

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