ISSN 2359-5191

11/06/2012 - Ano: 45 - Edição Nº: 40 - Sociedade - Instituto de Relações Internacionais
Políticas de segurança na América Latina devem focar problemas sociais

São Paulo (AUN - USP) - Apesar de boa parte da literatura de relações internacionais afirmar que não existe uma política de segurança para a América Latina por parte Estados Unidos, observando a região atentamente percebemos que as há políticas implementadas pelo país no local. Essa é a conclusão do professor do Instituto de Relações Internacionais, Rafael Villa, que em sua pesquisa América do Sul –EUA: Dinâmicas e padrões do complexo regional de segurança se propôs a analisar as políticas de segurança da região.

Villa afirma que, ainda assim, a América do Sul não é uma prioridade americana, pois os problemas da região não têm a mesma intensidade de risco do Oriente Médio e outras localidades privilegiadas pelos Estados Unidos. Mas ele completa dizendo que existem dilemas regionais que preocupam o país, como o narcotráfico, que levou os norte-americanos a implantarem o Plano Colômbia, juntamente com a Colômbia, e também o Plano México. “Isso mostra que é verdade que a América Latina não é prioridade em matéria de segurança, o que também não é um privilégio, mas isso não significa que não existam políticas”, explica o professor. A aceitação dessas intervenções depende da coincidência da visão política dos governantes desses países e dos Estados Unidos no momento.

Há alguns anos, uma politica latino-americana era inconcebível sem os Estados Unidos. No entanto, nos últimos cinco anos, devido à democracia na região, e a melhora dos índices de pobreza e de desigualdade, os países estão mais fortes do ponto de vista econômico, o que levou a região sul-americana a estabelecer uma relação de autonomia em relação aos Estados Unidos, como a criação da Unasul (União de Nações Sul-Americanas) e do Conselho Sul-Americano de Defesa. “A região não tinha politicas de segurança porque não propunha políticas de segurança, então esse vazio era coberto pelos outros”, explica Villa.

No entanto, uma das falhas na forma encontrada para tentar resolver os problemas regionais é que, mesmo não sendo ameaças tradicionais, elas são encaradas por meios tradicionais. Na estrutura orçamentária do Plano Colômbia, por exemplo, 70% dos recursos são utilizados em cooperação militar com a Colômbia, os 30% restantes são utilizados no treinamento de polícia, políticas de substituição de plantio entre outros. Para Villa, “isso tem conduzido a uma militarização de problemas não tradicionais de segurança do narcotráfico”.

Ele destaca: “A questão fundamental é de-securitizar problemas que em essência são políticos ou sociais”. Um exemplo é o narcotráfico que, para Villa, deve ser tratado como um problema de natureza social no qual existem dois polos que se complementam, os produtores e os consumidores. O problema não está só nos países fontes, ele é sistêmico. O professor conclui: “Não adianta destruir o grupo narcotraficante, ou a guerrilha, se não se pensam políticas de ajuda ao cidadão.”

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