ISSN 2359-5191

12/06/2012 - Ano: 45 - Edição Nº: 41 - Saúde - Instituto de Psicologia
Conferência debate os desafios da clínica contemporânea

São Paulo (AUN - USP) - A conferência Por um pensamento clínico complexo, que procurou discutir a clínica contemporânea e seus problemas mais sérios, contou com a participação dos professores do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (IP-USP) Luís Cláudio Figueiredo e Daniel Kupermann, além de Octavio Souza, do Instituto Fernandes Figueira, e a pós-doutoranda do IP, Bianca Bergamo Savietto. O evento foi realizado pelo Departamento de Psicologia Experimental do Instituto e teve o Auditório Carolina Bori como palco.

Ela começou com comentários de Souza visando dar um enquadramento sobre as principais relações entre a psicanálise e a psicoterapia. Ele afirmou que é difícil definir quais os limites entre as duas, mas que, de maneira geral, o que as diferencia é que a psicanálise faz uso, essencialmente, dos métodos da associação livre e da atenção flutuante. No entanto, ela passou a ter que repensar os seus métodos a partir do surgimento, na clínica, dos assim chamados “pacientes difíceis”, incapazes de associar livremente e intolerantes quanto à atividade de atenção flutuante do analista (a atitude do analista em suspender o máximo possível seu julgamento e suas tendências pessoais enquanto escuta o paciente), porque ela poderia repetir o trauma pelo qual passaram. Nesses casos, a neutralidade e o distanciamento característicos teriam que ser repensados.

A fala de Bianca, por sua vez, procurou dar um exemplo concreto de uma situação analítica com uma paciente “difícil” e o que procurou ser feito para acolher o sofrimento dela. A paciente, de nome Juliana (fictício), fazia uso abusivo de álcool e outras drogas e era resistente à situação analítica, rechaçando as intervenções da analista e levando consigo, a princípio, um caderno contendo o que iria falar. Foi necessário estabelecer uma relação de confiança com a analista para que Juliana abrisse mão das falas pré-programadas e reconhecesse-as posteriormente como uma defesa à possibilidade de sentir e, com isso, entrar em colapso. Para vivenciar essa turbulência ela tinha que contar com a ajuda da analista. Bianca ressaltou, ainda, que no caso de pacientes como Juliana, é necessário que se tenha um cuidado redobrado quanto ao cuidar do paciente, para permitir que o indivíduo viva com seus próprios horizontes.

O professor Luís Cláudio Figueiredo afirmou que o trabalho de Bianca é muito baseado num trabalho teórico por ele desenvolvido, por sua vez inspirado na obra de Wilfred Bion (1897-1979), trabalho esse que procura orientar a clínica psicanalítica em três sentidos: a continência, isto é, uma clínica que esteja preparada para receber material explosivo do paciente e dar-lhe suporte, o confronto, no sentindo de encarar as resistências que o analisado oferece, e a ausência, no sentido de criar uma condição para o paciente em que ele possa suportar o vazio.

O professor Daniel Kupermann encerrou a exposição discutindo como casos assim forçam uma ampliação dos limites tanto do analisado quanto do analista, permitindo pensar quais são eles e em como o processo analítico pode acabar afetando o analista, graças, por exemplo, à reação agressiva que esses pacientes oferecem.

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