São Paulo (AUN - USP) - A 1ª Jornada Luto e Morte, organizada pelo Laboratório de Estudos sobre a Morte (LEM) do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (IP) contou com uma conferência sobre o luto infantil intitulada Nunca é cedo de mais para saber..., com a presença da professora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e coordenadora do Laboratório de Estudos e Intervenções sobre o Luto (LELú), Maria Helena Pereira Franco.
Maria Helena iniciou sua exposição explicando ao auditório lotado que daria ênfase ao luto infantil e à morte em família. No entanto, destacou que o título “criança enlutada” não se restringe a um indivíduo de determinada faixa etária, mas a um “ser em desenvolvimento”.
Morte em família
Segundo Maria Helena, no contexto familiar, a morte de um de seus membros não significa apenas o “fim biológico” de uma vida, mas também simboliza “o fim de uma maneira de viver”. O luto exigirá mudanças na estrutura familiar. Tais mudanças nunca são desejadas pelos enlutados, que não raras as vezes expressam nos consultórios psicológicos o desejo de “ter sua vida de volta”, referindo-se ao antigo estilo que vida, alterado após a morte de um ente querido.
A sobreposição de situações consequentes da morte de um familiar demanda respostas dos enlutados. Porém, a professora faz questão de combater a “falsa ideia de que o luto vive em grupo” e destaca que essas respostas nem sempre são harmônicas ou homogêneas, pois cada membro da família se relacionava com aquele que morreu de uma maneira singular.
A criança enlutada
No que se refere ao luto infantil, Maria Helena é da opinião de que não se deve esconder da criança a morte de um familiar ou amigo. Deve-se, inclusive, permitir que a criança participe dos rituais fúnebres, embora apenas por alguns minutos e acompanhada de um adulto de quem ela goste e em quem confie, disposto a responder suas perguntas a respeito da morte.
O papel dos adultos que se propõem a ajudar a criança na elaboração do luto não é evitar o sofrimento, mas contribuir para o desenvolvimento de competências. O adulto enlutado não deve esconder sua dor ou evitar chorar na frente da criança, para que ela entenda que a tristeza e o sentimento de falta que ela sente são naturais.
A professora destaca que o luto infantil, justamente por ser diferente do luto adulto, deve ser legitimado. A maneira e ritmo não-linear com que a criança lida com o luto devem ser respeitados pelos adultos, que devem, por sua vez, permanecer sempre ao lado dela, para orientá-la e ajudá-la a sentir-se segura.
É necessário que os adultos responsáveis permitam que a criança enlutada expresse suas emoções de maneira saudável e possa aprender com a experiência da morte. Para que ela não se sinta sobrecarregada, o adulto deve auxiliá-la a lidar com os aspectos do luto um por vez, evitando assim ela pule etapas de seu desenvolvimento.