São Paulo (AUN - USP) - Uma das temáticas tratadas no Ciclo de Seminários do Programa de Aperfeiçoamento de Ensino (PAE), que ocorreu entre março e maio deste ano, foi A Formação Pedagógica do Professor Universitário: desafios atuais. A palestra foi apresentada por Vilanice Alves de Araújo Puschel, que ministra a disciplina Prática Pedagógica Superior na Escola de Enfermagem (EE/USP).
Vilanice disse, segundo ela, parafraseando Selma Garrido Pimenta, que “o professor se torna professor da noite para o dia”, pois no geral os docentes têm a formação profissional, mas não a formação pedagógica com exceção das licenciaturas e do próprio curso de pedagogia. A professora enfatiza a necessidade da existência da formação pedagógica mais aprofundada para aqueles que desejam ser professores. É preciso ter consciência do que é formação e educação e quais são os teóricos pedagógicos para que se tenha clareza na hora de escolher qual a corrente direciona a metodologia que irá adotar.
Sobre a falta desta preocupação pedagógica, Vilanice observa que, no curso de pós-graduação, os mestrandos aprendem a fazer pesquisa e se especializam em uma área do conhecimento, mas não aprendem a ser professores, apesar de provavelmente se tornarem docentes depois de serem titulados. No entanto, ela nota a existência de um movimento crescente na direção da reflexão sobre a profissionalização docente, como a criação dos Grupos de Apoio Pedagógico (GAP), pela Pró-Reitoria de Graduação, e a promoção de cursos de pedagogia universitária para os professores da USP. Essas iniciativas geraram um movimento na Universidade de reforma curricular e metodológica que promoveram mudanças na forma de lecionar e aprender.
Um desafio dos educadores destacado por Vilanice é a necessidade de formar os futuros profissionais eticamente. São recebidos estudantes com diferentes formações anteriores, vindos de contextos sociais variados e, portanto, há um choque de valores. Segundo a professora, é preciso saber lidar com os valores que vêm e ensinar os que precisam ser passados a esses sujeitos que serão os condutores da sociedade.
Para a professora, outro fator importante é a adaptação dos métodos de ensino à nova geração de estudantes, que tem domínio sobre as tecnologias da informação muito desenvolvido. É preciso implantar novas estratégias de ensino que dialoguem com essa característica dos jovens, que utilizam todos os seus sentidos e integrem as tecnologias. Ainda há o modelo tradicional em que o professor é o transmissor de um conjunto de conteúdos e os alunos são receptores.
Vilanice também acredita ser fundamental que se desenvolvam habilidades de iniciativa e comunicação, trabalhos interdisciplinares, para que os alunos sejam capazes de analisar e compreender problemas complexos e criar soluções criativas e entrar em contato com a realidade durante o aprendizado.