São Paulo (AUN - USP) - Professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA/USP), Ricardo Madeira aposta em novas experiências na educação para promover transformações em todo seu sistema. Esse é um tema bastante amplo que rende muitas discussões e estudos, além dos diversos exemplos de sucesso ou não que existem. Em seminário realizado na FEA, recentemente, Ricardo deixou claro que para começarem as mudanças, é preciso arriscar e inovar.
O professor defendeu que para melhorar a educação em geral, é preciso começar pela básica, numa ação conjunta entre governo (Secretaria de Educação), ONGs e universidades (departamentos de Economia). A ideia é que a instância governamental seja gestora do espaço físico e dê o apoio logístico, as ONGs deem o apoio operacional e também logístico (além de serem parceiras importantes pela usual disposição a investir em ideias inovadoras) e a universidade entre com o rigor científico da avaliação, para garantir a legitimidade – afinal, é fundamental que se analise a experiência detalhadamente.
Ricardo Madeira enfatizou que a educação no Brasil, hoje, está mais democrática (aumentou a diversidade no sistema) e, por isso, os novos desafios são exatamente lidar com a mudança no perfil dos estudantes, sobretudo, em escolas públicas. Para ele, essa situação deve ser encarada por meio de novas políticas educacionais que permitam diferentes experiências – sempre pensando que elas devem incentivar a inovação, não somente o resultado. Ricardo disse haver grande resistência por parte dos governos em relação às avaliações, porém elas são essenciais.
Mozart Neves Ramos, também presente na palestra, foi reitor da Universidade Federal de Pernambuco e secretário de Educação do Estado de Pernambuco, atualmente é conselheiro nacional de educação. Ele contou uma experiência de 2003, durante sua gestão na secretaria, em que várias escolas públicas do ensino médio passaram a funcionar em tempo integral e a evasão caiu para zero. Essa é uma política importante, num cenário em que a desistência do estudo é muito alta e recorrente. Ele acredita que a escola está distante do aluno, é um modelo antigo que não se aproxima da vida e da realidade dos jovens e por isso é repulsada por eles.