São Paulo (AUN - USP) - Recentemente, foi realizado no Auditório Carolina Bori, no bloco G do Instituto de Psicologia, um debate sobre o tema Diálogo, Religião e Diversidade Sexual: derrubando muros, construindo esperança, com o reverendo Cristiano Valério, da Igreja da Comunidade Metropolitana. Ele fez parte do ciclo de debates sobre diversidade sexual, organizado pela Biblioteca Dante Moreira Leite, do Instituto.
O reverendo lembrou que a Bíblia, hoje usada por grupos religiosos conservadores contra os homossexuais como arma heteronormativa, isto é, que estabelece a heterossexualidade como padrão de normalidade, também já foi usada para discriminar outros grupos humanos, como os negros. As Escrituras foram usadas para fazer a defesa da escravidão e de sua manutenção, que teria sido estabelecida por Deus.
No entanto, ressaltou que, apesar de minoritários, alguns religiosos se opuseram a essa defesa. Mencionou como exemplo William Wilberforce (1759-1833), político e religioso britânico que lutou pela libertação dos escravos com o uso das Escrituras. Assim, uma leitura histórico-crítica da Bíblia, iniciada a partir da Reforma Protestante, e que a vê como a palavra de Deus numa sociedade humana com suas limitações, permitiria desconstruir o preconceito contra os homossexuais da mesma maneira que o discurso escravista foi desconstruído.
Uma igreja inclusiva
Como parte desse movimento de leitura crítica da Bíblia e de repensar a postura das igrejas é que surge a Igreja da Comunidade Metropolitana, em Los Angeles, no ano de 1968, fundada pelo pastor batista Troy Perry. Ela acolheu não só os homossexuais, mas também outros grupos que não eram bem-vindos, àquela época, nas comunidades tradicionais, como os negros, mães solteiras e divorciadas. Num primeiro momento geograficamente limitada aos Estados Unidos, hoje está presente em mais de 38 países.
As Igrejas da Comunidade Metropolitana têm como um de seus principais objetivos, segundo o reverendo, combater o fundamentalismo religioso e, para tanto, associa-se a movimentos sociais como o movimento negro, o feminista e o LGBT. Esse enfrentamento do fundamentalismo, com uma forte afirmação dos direitos humanos, funda-se na ideia de que todos são filhos de Deus e, portanto, são sujeitos de direitos.
O próximo debate ocorrerá no dia 19 de junho às 14 horas, também no Auditório Carolina Bori, com Cláudia Vianna, professora da Faculdade de Educação da USP, sobre o tema Quando as políticas de gênero e diversidade sexual entram na escola. O evento é gratuito, haverá emissão de certificados e as inscrições devem ser feitas pelo e-mail bibip@usp.br.