São Paulo (AUN - USP) - Fernando Bliacheriene, médico e pesquisador da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM/USP), ministrou a palestra Novos Conceitos em Anestesia Obstétrica na última quinta-feira, 14 de junho, no Instituto Central do Hospital das Clínicas (HC). Tratava-se de uma das Reuniões Clínicas (RCs), evento organizado mensalmente para alunos dos três primeiros anos do programa de residência e médicos e professores do hospital.
Na reunião, Bliacheriene falou acerca dos avanços e novos conceitos da anestesia obstétrica, expondo material de sua formação pessoal e profissional, experiência em congressos e atividades de pesquisa nos Laboratórios de Investigação Médica (LIMs) do HC. O doutor destacou que a área apresentou uma série de avanços nos últimos anos, se comparada com a anestesia em outros tipos de cirurgias. Tais mudanças caminham para um tratamento cada vez mais individualizado, até que, no futuro, será possível fazer uma prescrição anestésica para cada paciente baseada não só nas suas particularidades médicas, mas também nas sociais, econômicas e culturais. Esses câmbios são amparados pelo desenvolvimento de equipamentos de monitoramento cada vez menos invasivos, permitindo acompanhar com precisão os efeitos das novas técnicas anestésicas nas pacientes.
As Reuniões Clínicas acontecem mensalmente no Instituto Central do HC sempre às quintas, dia em que são ministradas as disciplinas de formação do programa de residência. As RCs são versões dessas aulas adaptadas para o formato de palestra, focadas em uma especialidade médica e em seus últimos avanços e abertas aos profissionais de tais áreas. Assim, esses encontros tornam-se um espaço de convergência entre ensino dos residentes, divulgação das pesquisas do especialista e permanente atualização profissional e discussão das novas tendências médicas.
Entre as particularidades contempladas por Bliacheriene na sua palestra estão a consideração das alterações fisiológicas da gestação e suas implicações na anestesia, o uso de novos equipamentos e métodos para a anestesia na hora do parto (inclusive técnicas intensas e um tanto invasivas de anestesia geral) que dão uma maior margem de possibilidade para a atuação em crises e a diminuição nas doses de anestésico nas cesarianas. Além disso, o médico comentou também o início da tendência de valorização do feeling clínico em emergências obstétricas, dando maior autonomia aos médicos, que deixam de estar necessariamente presos a resultados de exames e discussões sobre o impacto (ou não) da presença paterna na ansiedade das pacientes na hora da aplicação da anestesia e a consequência disso no desempenho dessa.
Enquanto comentava tais avanços, o doutor apresentou resultados de seus projetos de pesquisa antigos e propostas para novos, como no caso do estudo do desempenho de vasopressores (fármacos utilizados na anestesia) do tipo alfa-agonistas que têm se mostrado mais eficientes em alguns casos, quando comparados àqueles normalmente usados, como a efedrina.