São Paulo (AUN - USP) - Embora persista o senso comum de que a maior metrópole do País é permeada por uma atmosfera cada vez mais poluída, cientistas do Centro de Lasers e Aplicações do Ipen (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares) chegaram à conclusão de que o ar de São Paulo “se comporta muito bem e de forma estável”.
Desde 2001, uma equipe liderada pelo físico Eduardo Landulfo emprega feixes de lasers para calcular sazonalmente a quantidade de substâncias poluentes em suspensão na atmosfera da cidade. Isso porque, de acordo com o pesquisador, “quanto mais material particulado está presente no ar, maior acaba sendo o espalhamento do feixe de luz emitido”. “É como se fosse uma imagem de radar”, explica.
Esses cálculos com lasers ocorrem principalmente durante o inverno, quando é mais comum o fenômeno de inversão térmica. No momento em que frentes frias e secas tomam uma região, é comum percebermos a formação de nevoeiros de poluição em baixas altitudes logo no início da manhã. Segundo Landulfo, o ano de 2007, por exemplo, “foi crítico devido às suas péssimas condições de dispersão” desse material particulado.
O físico ressalva, contudo, que essas conclusões são apenas uma média, pois as condições atmosféricas da cidade “variam em função da condição meteorológica” apresentada durante cada medição. Isso significa que, embora a atmosfera paulistana se comporte de forma aceitável, ela pode apresentar variações expressivas em momentos específicos.
Questionado sobre o impacto da atual frota de veículos na qualidade do ar que São Paulo respira, Landulfo admite que, “por um lado, de fato aumentou a quantidade de automóveis”, mas, por outro, “esses carros se renovaram”, trazendo à população motores bem menos poluentes.