ISSN 2359-5191

26/06/2012 - Ano: 45 - Edição Nº: 53 - Saúde - Faculdade de Odontologia
Odontologia da USP sedia discussão sobre o uso de fluoretados em bebês e crianças

São Paulo (AUN - USP) - A explicação das bases científicas para o uso de fluoretados, realizada pela professora doutora Branca de Oliveira, da UFRJ, o ponto de vista da medicina pediátrica sobre esse tipo de produto, exposto pelo professor doutor Danilo Blank, da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e outras abordagens compuseram o encontro. A grade científica foi realizada recentemente pelo Centro Internacional de Ensino e Pesquisas Avançadas em Saúde (Ciepas) na Faculdade de Odontologia da USP (FO/USP). A programação, que se estendia das 8 horas até o fim da tarde, contou com seis diferentes palestras em torno do tema O uso de dentríficios fluoretados: bebês e crianças. Os dentrifícios são produtos utilizados na limpeza bucal.

A apresentação, que discutiu aspectos práticos do tema, foi realizada pelo odontopediatra Paulo Rédua, que trabalha há 32 anos na área. Segundo Paulo, a partir de uma primeira consulta, a avaliação de fatores como “o nível de cooperação da criança, atividade de cárie e as condições socioeconômicas” devem encaminhar o profissional para alguns deveres básicos. A principal preocupação deve ser a “educação dos pais”, no que envolve a limpeza bucal, a frequência alimentar, o consumo inteligente do açúcar e a chamada manutenção preventiva. “É isso que o odontopediatra precisa fazer de uma maneira simples e objetiva.”

Por meio da exposição de diversos casos clínicos de seu próprio consultório, Paulo introduziu o tema da Fluorterapia no combate à cárie. Ele acredita que o método seja importante não só por seu tratamento padrão (aplicação de flúor em gel ou verniz uma vez por semana, sendo um mês o período para um resultado geralmente suficiente), mas por seu efeito de adaptação da criança e da mãe às práticas de higiene e de prevenção odontológica. “Eu digo que hoje eu gasto mais tempo adaptando a mãe do que a criança.”

Cárie x Fluorose
Na década de 1930, o dentista Frederick Mckay descobriu a associação entre um tipo de manchas nos dentes (“mosqueados”, segundo ele) e a alta concentração de flúor na água consumida pela população analisada. O professor doutor Fausto Mendes, da FOUSP, explica que o estudo dessa doença, a fluorose, foi de grande importância para a odontologia. “A gente pode dizer que a descoberta do papel do flúor na prevenção da cárie se deu pelo seu principal efeito colateral [a fluorose]”, comenta Fausto, explicando que, naquela mesma população estudada, foi encontrada uma baixa incidência de cárie. A discussão sobre a doença se faz válida, ao passo que, atualmente, o uso do flúor se dá de maneira universal. O professor explica que isso tem causa nas diversas pesquisas que foram realizadas em torno do produto, da década de 30 até então.

A fluorose é definida como um defeito do desenvolvimento de esmalte causado pela ingestão excessiva do flúor durante o período de formação dos dentes. Essa ingestão é proveniente, de maneira majoritária, da água fluoretada, mas também de outras fontes, como alimentos que possuem naturalmente uma concentração alta de flúor e também o uso tópico do produto (aplicação do produto em consultórios). Outro fator que pode implicar na alta absorção é a ingestão direta: “dependendo da criança, se ela não tem muito reflexo de expelir enxaguatórios de uso caseiro, pode haver uma ingestão significativa”. As características apresentadas pela doença são “linhas esbranquiçadas horizontais com aspecto brilhante” que geralmente se intensificam com a desidratação. Em sua forma severa, são formadas manchas acastanhadas com pequenas depressões no esmalte.

A relação entre o uso de fluoretados e as duas doenças cria um embate. “O flúor é um produto que está bem estabelecido na prevenção da cárie. Mas aí nós retornamos à pergunta inicial: e a fluorose?”. O professor discute a questão explicando que antes de realizar o dignóstico nos dentes de um paciente, já é possível prever a exposição dos mesmos ao flúor, e “prever se aquele paciente tem chances de ter fluorose ou não”. Para além dessa possibilidade, Fausto explica que há evidências de que a cárie causa impacto na qualidade de vida dos pacientes afetados, enquanto a fluorose não. Outro fator de diferenciação foi a fraca evidência do efeito do uso tópico (clínico) do flúor no caso da fluorose, em contraponto com uma forte evidência para o caso da cárie. A conclusão do trabalho, que estuda a qualidade da saúde oral relacionada às duas doenças, e foi realizado por um grupo da Austrália, é a de que a cárie pode ser vista como um problema de saúde pública, enquanto a fluorose não.

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