São Paulo (AUN - USP) - Um Plano Estratégico de Desenvolvimento Sustentável (Peds) para a cidade litorânea está sendo elaborado em uma parceria que envolve a Prefeitura Municipal de Ilha Comprida, a Fundação para a Pesquisa em Arquitetura e Ambiente (Fupam) e o Núcleo de Pesquisa em tecnologia da Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (Nutau). Segundo o coordenador do Nutau, Bruno Padovano, o projeto é relevante por ser o primeiro Peds do Brasil, além de ter grande importância para o desenvolvimento eficiente da população e do ecossistema local.
“Ilha Comprida vai receber verba relativa aos royalties do pré-sal. É fundamental que seja organizada uma diretriz em seu desenvolvimento, para que ele seja feito da maneira mais saudável possível”, afirma o pesquisador. Ainda no início, o projeto encontra-se numa fase de aproximação com a realidade ambiental, social e econômica da ilha, que, de acordo com a pesquisa, são os principais pilares do desenvolvimento sustentável. Esse consiste na busca de harmonização da proteção e da recuperação ambiental com a eficiência econômica e a equidade social.
Ilha Comprida é um município do litoral sul de São Paulo, isolado por um braço de mar, o Mar Pequeno, em sua totalidade. Sua população é, segundo censo de 2012, de 9 mil habitantes, mas é acrescida de 300 mil habitantes na alta temporada, devido à alta demanda turística. Isso, segundo o estudo, provoca o caos na infraestrutura urbana, e há ação predatória da população flutuante, uma vez que não há ligação afetiva com o frágil local.
Diante dessa demanda, o município de Ilha Comprida é foco de grande especulação imobiliária. O Peds mapeou os loteamentos autorizados no local, que abrangem grande parte de seu território. O uso e a ocupação desse solo, sem uma política de desenvolvimento sustentável, poderão causar grandes estragos na paisagem nativa. Para Padovano, esse desenvolvimento não implica na total preservação da flora local, mas sim, em uma conciliação entre crescimento e responsabilidade ambiental e social.
Ilha Comprida, segundo confirmou o estudo ambiental, “ainda apresenta sistemas ecológicos em boas condições, nos quais se resguardam flora e fauna representativas”, o que reforça a importância da pesquisa apoiada pelo Nutau. Suas áreas preservadas apresentam elevado grau de endemismo, ou seja, de espécies exclusivas que não ocorrem em nenhum outro lugar do mundo. Além disso, suas florestas, mangues e brejos servem de pouso e local de alimentação para aves migratórias que fogem do inverno do Hemisfério Norte em busca de lugares de clima mais ameno.