São Paulo (AUN - USP) - O Instituto de Geociências (IGc) da USP recentemente adquiriu um novo sistema de datação por luminescência, o método LOE (Luminescência Opticamente Estimulada) via protocolo SAR (Regeneração de Alíquota Única). “Com esse novo material será possível um aprofundamento nos estudos sobre mudanças climáticas no quartenário”, afirma Paulo César Giannini, professor do IGc, que está coordenando a aquisição.
O LOE-SAR foi montado há três meses e, atualmente encontra-se em fase de estabelecimento de rotina analítica. O equipamento é produzido, exclusivamente na Dinamarca e permite datar até aproximadamente 500 mil anos depósitos de areia quartzosa. “É o primeiro equipamento de datação voltado a sedimentos terrígenos quartenários presente no Brasil, então essa aquisição significa um grande avanço técnico/analítico da geologia nacional.”
O método mais usual de datação de depósito novo, do período quartenário, é o carbono-14, porém ele só se aplica a restos de vida, outro limitante desse processo é o seu pequeno alcance: permite datar até 40 mil anos, o que é pouco dentro dos parâmetros geológicos. Assim, na década de 80 começou-se a desenvolver no hemisfério norte o método de datação por luminescência. “Ele consiste em identificar a quantidade de radiação que sofreu um grão de sílica (SO2), essa quantidade será proporcional ao tempo que esse material está parado.” Para que a datação seja feita, é necessário, então, que os grãos de areia sejam coletados no escuro, porque a energia que se acumula na sílica é sensível à luz. “A coleta é feita por tubos opacos e as amostras são levadas ao laboratório onde é medida a luminescência do material, que é equivalente à energia acumulada na estrutura do quartzo.” A idade da mostra é obtida dividindo essa energia acumulada pela radioatividade média que ela recebe.