São Paulo (AUN - USP) - A FAU (Faculdade de Arquitetura de Urbanismo) traz para a USP a exposição do projeto Êxodos realizado pelo fotógrafo Sebastião Salgado. O conjunto de fotos evidencia um mundo polarizado, com âmbitos diferenciados, que impulsiona os movimentos migratórios do êxodo. As imagens devem funcionar como portais visuais para a discussão da questão da dívida externa, que estará sendo abordada também por um ciclo de debates e se insere nesse contexto, como agravante dessas desigualdades, como elemento perpetuador desse abismo que separa os pólos.
O ciclo, que se estenderá pelo mês de agosto, trata do tema sob diferentes aspectos, em suas diversas implicações e, em conjunto com a exposição, pretende amadurecer a reflexão sobre o assunto e tornar mais notória a mobilização pública no plebiscito nacional sobre a dívida que deverá ocorrer do dia 2 ao dia 7 de setembro e que dará à população o direito de opinar sobre as políticas do governo brasileiro em relação à dívida. Mais do que consultar a população sobre essa questão, a campanha pretende reavivar a discussão sobre a legitimidade e a moralidade das condições de pagamento dessa dívida, provavelmente o maior impasse econômico brasileiro.
O plebiscito está sendo organizado pela CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), UNE, MST, PT, PCdoB, além de outros movimentos populares, e é motivado pela campanha do "Jubileu 2000", que já articulou um outro plebiscito na Espanha, em que 95% dos votantes afirmaram que o país deveria perdoar as dívidas dos países devedores.
Na cédula de votação, o eleitor encontrará três questões, a serem respondidas marcando-se a alternativa desejada, sim ou não. A primeira pergunta diz respeito ao FMI (Fundo Monetário Internacional) e indaga ao eleitor se o governo brasileiro deveria ou não manter o atual acordo com o Fundo. A Segunda questão retoma a Constituição de 1988, segundo a qual não deveria haver renegociação da dívida externa sem a realização de uma auditoria pública. A última questiona se o governo deve continuar usando grande parte do orçamento público para pagar a dívida interna aos especuladores.
1200 cidades em vinte estados já contam com articulações para a organização do evento. As urnas para o plebiscito serão espalhadas por pontos estratégicos da cidade, como estações de metrô, igrejas, praças públicas, sindicatos e universidades incluindo a USP. Qualquer pessoa, maior de 16 anos, apresentando o documento de identidade ou o título de eleitor poderá votar. O resultado, que tem valor simbólico, de pressão, deverá ser apurado até o dia 11 de setembro.
Todos os debates serão realizados às 18:00hs em diferentes unidades da universidade e a entrada é gratuita, também para a exposição.