São Paulo (AUN - USP) - Em seminário realizado recentemente na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli/USP), a pesquisadora Renata Grisoli falou sobre as diferenças e semelhanças entre o biodiesel produzido a partir de óleo de soja e a partir da gordura vegetal. O projeto de pesquisa do qual ela faz parte ainda está em execução, mas por ora já há algumas conclusões.
Renata, juntamente com sua equipe, verificou que a gordura animal no Brasil representa 15,6% da produção de biodiesel, enquanto o óleo de soja, 74,5%. O sebo bovino seria uma grande fonte de matéria-prima e, segundo a pesquisadora, tem grande potencial. Mas há também alguns problemas encontrados na produção com gordura animal que fazem dele um pouco menos interessante. E o óleo de soja, já bem conhecido no país, continua dominando esse mercado.
A pesquisa revela alguns dos fatores complicadores da produção do biodiesel por gordura animal, tais como o maior consumo de água e de energia para realizar essa produção, além de um fator limitador natural que é o fato de que o biocombustível feito de sebo torna-se sólido a temperaturas relativamente amenas. Renata afirmou que isso dificulta a exportação do biodiesel.
Em contrapartida, a soja tem vários pontos que facilitam seu uso, a começar pelo fato de que é utilizada há mais tempo para essa finalidade. Ela corresponde a 49% da área em grãos plantada no país e seu cultivo tem crescido cada vez mais – nos últimos 10 anos, a área plantada do grão cresceu 73%, diz Renata.
Indicando tudo isso, a pesquisadora defende que haja mistura na cadeia de produção do biodiesel, combinando tanto o uso de óleo de soja, quanto o de sebo bovino. É preciso ainda considerar os estados que já são produtores de soja e de gados bovinos e aqueles em que já há capacidade produtora de biodiesel instalada.