São Paulo (AUN - USP) Uma pesquisa desenvolvida na Universidade de São Paulo (USP) constatou que o exercício físico aeróbico previne a perda de massa muscular em pacientes com insuficiência cardíaca que sofrem de atrofia. O trabalho é parte do mestrado da pesquisadora da Escola de Educação Física e Esporte (EEFE), Telma Cunha, orientado pela professora Patrícia Chacur Brum. A pesquisa ganhou o Premio Mérito Interdisciplinar no 33º Congresso da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo.
Entre as pessoas que sofrem de insuficiência cardíaca, 68% desenvolvem atrofia muscular. A atrofia deixa o paciente mais debilitado, ela está diretamente relacionada com a fadiga, a dificuldade em respirar, a falta de resistência para praticar exercícios e até mesmo tarefas cotidianas como pentear os cabelos e subir escadas. A mortalidade é maior entre as pessoas com atrofia muscular.
O paciente insuficiente com atrofia usa as proteínas do músculo para produzir energia, e assim perde massa muscular. O sistema ubiquitina proteassoma, responsável pela degradação de proteínas nas células, está muito relacionado à perda de massa. Ele degrada as proteínas que constituem o músculo esquelético para produzir energia, considerando que o organismo do insuficiente está debilitado e não consegue produzir energia suficiente por outras vias.
Nos experimentos com camundongos, os pesquisadores constataram que o treinamento físico aeróbico – os animais fizeram corrida por dia dias na semana – reduz a atividade do sistema ubiquitina e o estresse oxidativo, reduzindo a perda de massa muscular. Mas o trabalho não parou por aí. Os pesquisadores queriam descobrir se o processo era o mesmo em seres humanos.
“A gente trabalhou tanto com camundongos quanto com humanos, esse é o grande diferencial do trabalho. A gente tentou ver se os mecanismos que estavam relacionados à atrofia nos camundongos eram similares nos seres humanos”, explica Telma. Os testes com camundongos foram realizados no Laboratório de Fisiologia Celular e Molecular do Exercício, na EEFE. Para os testes em humanos foi feita uma colaboração com a Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia.
Eram dois grupos de pacientes, ambos doentes e tomando seus medicamentos. Um grupo realizou o treinamento aeróbico – caminhada em subida, 50 minutos por dia – e o outro não. A biopsia do músculo da coxa dos pacientes foi mandada para o Brasil, onde os pesquisadores descobriram que, assim como nos camundongos, o exercício físico aeróbico diminui a atividade do sistema ubiquitina proteassoma e reduz o estresse oxidativo. Testes feitos na Noruega comprovaram que os pacientes tinham melhor resistência cardíaca e tolerância na hora de para praticar exercícios.
O treinamento aeróbico (no caso, a caminhada) é capaz de melhorar a qualidade de vida do paciente insuficiente. São aeróbicos todos os exercícios que mantém um ritmo continuo, como o futebol, a natação, a corrida e a caminhada. É importante resaltar que o treinamento deve ser realizado sempre de forma complementar ao tratamento médico.