São Paulo (AUN - USP) - O SIG-RB (Sistema de Informações Geográficas da Bacia do Ribeira de Iguape e Litoral Sul) é um projeto que articula diversas iniciativas para que dados regionais da Bacia do Ribeira, relacionados ao meio físico, à economia, dados demográficos, entre outros, sejam convertidos em uma única plataforma, que é o site www.sigrb.com.br/. Essas informações são utilizadas na administração dos recursos hídricos da bacia e também para a gestão territorial e ambiental.
Assim, para que seja feito esse levantamento de dados, existem muitos profissionais envolvidos, das áreas de geologia, mais especificamente geoprocessamento, agrimensura, aerofotogrametria, engenharia, biologia e arquitetura das três universidades estaduais paulistas: USP, Unesp e Unicamp. Além da coloboração de diversos pesquisadores, participam representantes de instituições públicas e também da comunidade e de produtores locais como a Amavales (Associação dos Mineradores de Areia do Vale do Ribeira e Baixada Santista).
Wagner Amaral, arquiteto que atualmente faz pós-graduação na área de geoprocessamento, no IGc (Instituto de Geociências) da USP, comenta como estabeleceu sua participação no projeto: “Venho da área de arquitetura e urbanismo, então quis fazer bastante relação entre os estudos do IGc e os problemas urbanos, pois uma questão importante nos núcleos urbanos do Vale do Ribeira são os desastres relacionados a inundações.”
A região escolhida para o projeto foi a do Vale do Ribeira devido à sua grande abrangência e diversidade. “É uma região que tem muitas reservas da mata atlântica, importantes exemplares de expedições geológicas, como as cavernas, comunidades remanescentes de quilombos, importantes aspectos históricos e ambientais”, explica Amaral. “Assim a partir do momento que as condições e características locais são documentadas e disponibilizadas publicamente outros projetos são mais facilmente discutidos e desenvolvidos.”
Foi feito no município do Eldorado, no Vale do Ribeira, um projeto piloto de mapeamento voltado para as áreas de risco. “A gente vai fazer esse trabalho também junto a outros três municípios: Cajati, Sete Barras e Juquiá. São municípios que também possuem histórico de inundação.”
O SIG-RB possui, além de uma equipe voltada para um processamento técnico dos dados da região e armazenamento deles na internet, através de mapas, gráficos e tabelas, pesquisadores focados em um trabalho de campo e na relação com a população local. Um exemplo deste último é um grupo de pesquisas da FAU (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo) da USP: o NOAH (Núcleo Habitat Sem Fronteiras).
O grupo da FAU faz pesquisas voltadas para o design de equipamentos e concepção de espaços temporários, com o foco em auxiliar pessoas que vivem em situação de emergência. O Noah realizou workshops e atividades junto a população e aos técnicos no município de Eldorado, situado na Bacia do Ribeira.
No site é possível identificar as áreas com maior densidade de ocupação, outras que são mais suscetíveis a inundação entre outros dados organizados. “Tem bastante informação lá, até esse trabalho que a gente tem feito de diálogo com a população e com os técnicos é uma preocupação exatamente de aumentar o acesso, para que exista uma apropriação desse conteúdo.”