São Paulo (AUN - USP) - Entende-se por sistema de espaço livre todos os locais, públicos ou privados, de áreas não construídas, onde exista convívio social. A pesquisa indicou que a ausência de uma visão sistêmica por parte do governo para gerir esses espaços é recorrente, predominando a ação pontual e programas desarticulados para a solução dos problemas.
Segundo apontou o estudo Sistemas de espaços livres e a esfera púbica contemporânea brasileira, a gestão deficitária por parte do poder público é característica comum as cidades brasileiras. Podem-se apontar como falhas nesse processo as ações desarticuladas e descontinuadas entre diferentes órgãos públicos, a ausência de planejamento abrangente sobre os sistemas de espaços livres e sobre sua relação com a malha urbana, as diferenças de tratamento entre orlas, áreas centrais e periferias e ainda a baixa manutenção de espaços livres constituídos em áreas periféricas, o que causa a degradação do local e, rapidamente, afugenta seu público. Apesar disso, a pesquisa afirma que, nas cidades planejadas, a gestão dos espaços públicos é mais satisfatória.
Ainda de acordo com o estudo, é impossível se prever quando e onde será constituído um espaço livre, já que o processo para se reservar áreas para a construção de parques e praças depende do loteamento e arruamento das cidades, e este sempre está à mercê das variáveis mercadológicas. Para mais, é dado um privilégio para a qualificação dos sistemas viários, quando nem todos os outros recebem tamanha atenção. Isso pode se justificar pelo país apoiar-se numa lógica rodoviarista, e sua economia ser fortemente movimentada pelo capital da indústria automotiva e petrolífera.
Apesar de algumas características comuns, as cidades brasileiras são muito heterogêneas, fato que impede a elaboração de um “manual” para a boa gestão de seus espaços públicos. A riqueza das diferenças das cidades deve ser preservada, mas os processos econômicos e sua imposição sobre o poder público estão levando a conduções similares dos problemas das cidades.
O Quapá, Quadro de Paisagismo no Brasil, núcleo de estudos da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, para a realização da pesquisa, montou uma rede de pesquisadores por todo o território brasileiro, dentro das mais importantes universidades federais, para analisar os sistemas de espaços livres nas cidades. A estratégia foi adotada para pesquisa funcionar em âmbito nacional e não ser simplesmente uma imposição do conhecimento paulista para o restante do país. “Os saberes locais dão consistência ao trabalho e permitem a troca de informações”, afirma o coordenador do laboratório, Sílvio Soares Macedo.