São Paulo (AUN - USP) - Uma pesquisa da Escola de Enfermagem da USP avaliou as atitudes de enfermeiros sobre as questões relativas ao álcool, ao alcoolismo e ao alcoolista (o termo é escolhido pois define o dependente de álcool, enquanto alcoólatra se refere aquele que cultua o consumo da bebida). Segundo Marina Nolli Bittencourt, autora do estudo, visto que boa parte dos enfermeiros apresentaram respostas negativas, são urgentes mudanças na formação e capacitação desse profissional que atendam a esse aspecto.
Entre os 526 voluntários que participaram da pesquisa, os oriundos de serviços que lidam com a saúde mental tiveram, em geral, mais respostas negativas frente às questões abordadas. De outro lado, aqueles que trabalham especificamente com drogas e álcool, que já participaram de cursos sobre isso ou que tem mais experiência no assunto tiveram avaliação mais positiva.
É sugerido na pesquisa, bem como em diversos artigos da literatura acadêmica, a necessidade de incluir o tema do álcool e das drogas nos cursos graduação de enfermagem. Outras estratégias para minimizar o problema seriam “a criação de cursos de capacitação dentro dos serviços relacionados e novos cursos de especialização na área de álcool e drogas, que ainda são escassos no Brasil e vêm crescendo em ritmo lento”, constata Marina, que foi orientada pela professora Divane de Vargas.
A pesquisadora ainda ressalta que essas medidas, embora importantes, não são suficientes para erradicar a visão prejudicial sobre o alcoolista. “Ações como essas podem não se constituir a única estratégia possível para o enfrentamento dessa problemática”, explica. “Entretanto, representam, sem dúvida, algumas das mais importantes medidas”.
Mapear a origem profissional dos enfermeiros em comparação com as respostas é uma parte importante da pesquisa. Dessa forma, é possível identificar em qual área da enfermagem a visão sobre o alcoolista é mais degradada e, portanto, requer maiores reformas. Também pode-se notar onde ele é visto com mais respeito e essa forma de trabalhar pode ser utilizada de parâmetro.
Esse estudo se insere em um contexto no qual, cada vez mais, os alcoolistas têm presença em centros de saúde. Assim, o contato entre eles e enfermeiro vem se tornando mais presente, sendo assim imprescindível uma relação de respeito entre o profissional de saúde e o paciente.