ISSN 2359-5191

06/07/2012 - Ano: 45 - Edição Nº: 62 - Meio Ambiente - Instituto de Biociências
Maior temperatura e concentração de gás carbônico podem beneficiar agricultura

 

São Paulo (AUN - USP) - Os atuais índices de gás carbônico e do aquecimento global, bem como as previsões do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) para 2070, podem beneficiar o crescimento das plantas e otimizar a produção agrícola. Não só estudos internacionais, mas também a equipe do botânico Marcos Buckeridge, do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (IB-USP) têm observado o fenômeno. Os estudos são realizados com mudas de jatobá e açaí, dentro de câmeras de topo aberto, que permitem a passagem dos raios solares e a simulação de uma atmosfera com alta concentração de CO2.

 

Enquanto muitos pesquisadores analisavam a concentração de gás carbônico pensando no futuro, W.F. Ruddiman, paleoclimatologista e professor da Universidade da Virgínia, nos Estados Unidos, publicou um artigo na revista Scientific American, em 2005, olhando para o passado. Ele observou que, oito mil anos atrás, houve uma inversão na tendência de queda da concentração de CO2. Buckeridge explica que a data coincide com dados antropológicos que apontam, naquele período, o homem iniciando o manuseio da terra, ou seja, o começo da agricultura. Esta teria conseguido ser mais produtiva devido à temperatura, que se manteve constante em vez de cair.

 

Para fazer fotossíntese e produzir o próprio alimento, as plantas precisam, na presença da luz solar, entre outras coisas, capturar gás carbônico. Com mais CO2 e mais calor, as plantas fazem mais fotossíntese, obtém mais alimento, desenvolvendo-se mais e melhor. Mas só o gás não é tudo: “As plantas, em geral, respondem a um aumento de gás carbônico com uma elevação na taxa fotossintética. Isso otimiza a agricultura, mas, por outro lado, afeta o clima, mexe com a questão hídrica e como a planta vai ter mais fotossíntese, então?”, pondera o pesquisador.

 

Com o aumento das temperaturas, Buckeridge aponta efeitos na produção de café, algodão e milho, que se dariam melhor mais ao sul, no Paraná, por exemplo. “Mas isso implicaria na transferência se todo um sistema agrícola, o que geraria gastos enormes”, explica. Ele conta também que a cana-de-açúcar, por sua vez, não precisaria se deslocar. No tecido vegetal, as concentrações de gás carbônico e nitrogênio são diferentes. Em uma planta como a cana, quanto mais carbono, mais alimento (açúcar) é produzido e, consequentemente, maior é seu potencial energético. Mas para feijão, soja e milho, o nitrogênio é importante para garantir a qualidade do grão.

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