ISSN 2359-5191

06/07/2012 - Ano: 45 - Edição Nº: 62 - Ciência e Tecnologia - Instituto de Física
Nanopartículas magnéticas conseguem rastrear células-tronco

 

São Paulo (AUN - USP) - Ele está de olho, tentando seguir cada passo delas. O professor Said Rabbani, do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (IF-USP), rastreia células-tronco marcadas com nanopartículas supermagnéticas através de ressonância. A pesquisa faz parte de um grupo interdisciplinar de profissionais de física, biologia e medicina que busca estudar a utilização de células-tronco em terapias. Mas, para isso, é preciso, primeiro, entender como funcionam essas células.

 

Rabbani conta que, no início, achava-se que a célula-tronco era um coringa: quando colocada em um tecido doente, modificava-se e passava a agir como as células daquela região afetada. Hoje se sabe que não é a célula-tronco colocada no local doente que cura, mesmo porque “quando se injetam células-troncos no miocárdio, só 7% delas ficam lá, o resto é espalhado”, explica o professor. Segundo ele, as células-tronco poderiam servir, por exemplo, como um sinalizador.

 

Mas então, se aquele não era o caminho, a pergunta perdurava: como funcionam essas células “especiais”? Para ajudar a responder essa questão, Rabbani estuda meios de descobrir o que acontece com as células-tronco e como rastreá-las. Uma das maneiras, já bem conhecida, é marcar as células com fluorescência. Depois, cria-se enfarto no miocárdio (músculo do coração) de um porco, o animal é sacrificado e onde foram colocadas as células marcadas observa-se o que aconteceu, como a parte enfartada evolui.

 

Porém, Rabbani aponta outra possibilidade, experimental, de estudar o funcionamento das células-tronco. Em vez de marcar com proteínas ou algo fluorescente, essas células são marcadas com nanopartículas magnéticas e submetidas à imagem de ressonância magnética. “As partículas minúsculas servem como um ‘contraste negativo’, ou seja, a imagem fica preta onde elas estiverem. Eu não consigo ver a célula, mas aquelas que têm as nanopartículas ficam pretas em seu entorno”, explica o professor.

 

Um das vantagens do método por ressonância magnética é que, com o ser vivo, é possível ver migrações, observar se as células saem do lugar. “No caso da fluorescência, não dá para fazer histologia de um coração inteiro, mas como aqui o que observamos são pontos pretos, se houver uma migração coletiva, ela é mais fácil de ser observada”, explica Rabbani. Outra questão é que, se a célula marcada com as nanopartículas for fagocitada, quando morre, por exemplo, é possível seguir a célula que fagocitou a outra porque ela também fica marcada. Mas é possível também marcar células-tronco tanto com fluorescência quanto com nanopartículas magnéticas. Assim, são acompanhados dois “rastros”.

 

Para o pesquisador, não é uma questão de método melhor ou pior, são apenas caminhos diferentes. Segundo ele, pela fluorescência, se ela for implantada através de alterações na genética da célula-tronco, é possível seguir seus ‘filhos”. Quando essa célula se divide, todos os seus descendentes são também fluorescentes. Já na ressonância magnética, quando as células marcadas se dividem, elas ficam com metade daquela nanopartícula. “Até que chega um ponto em que a quantidade de nanopartículas é tão pequena que não se vê mais o sinal”, aponta Rabbani.

 

Por isso, a equipe tem testado também a viabilidade do processo. Por exemplo, quantas nanopartículas podem ser colocadas nas células-tronco? “Acabamos de observar que até conseguimos colocar muitas nanopartículas nas células para obter um bom sinal, mas elas morrem logo”, conta o professor.

 

Ele ressalta, porém, que a pesquisa está ainda na base da experimentação do método que servirá, então, para a obtenção de resultados finais na terapia celular. “Que nós evoluímos muito em várias coisas, evoluímos, mas que tem muita coisa ainda para aprender, isso tem”, conclui Rabbani.

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