ISSN 2359-5191

11/07/2012 - Ano: 45 - Edição Nº: 67 - Sociedade - Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade
Projeto quer resgatar história de Centro Acadêmico da USP

 

São Paulo (AUN - USP) -Criado em 1946, o Centro Acadêmico Visconde de Cairu (CAVC) da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP terá sua história resgatada. Alunos já iniciaram a pesquisa sobre trajetória da entidade e agora pretendem profissionalizar o processo, ação que depende do resultado de um edital da reitoria da universidade. Segundo Thomás de Barros, um dos diretores da atual gestão CAVC, há muito desconhecimento sobre o assunto, “Estou aqui há quatro anos e não sei a história, sendo que esta é riquíssima. Muitas pessoas que participaram do CAVC foram importantes para a história nacional.”

 

Resgatar esse passado já fazia parte dos planos do centro acadêmico, mas a ideia acabou sendo catalisada há dois meses quando algumas caixas foram encontradas na vivência da FEA. Para a surpresa dos estudantes foram encontrados documentos históricos entre os quais, edições de jornais do CAVC e de outros movimentos estudantis da década de 60, fotos dos alunos da FEA quando esta ainda tinha seu prédio na Maria Antônia e retratos autografados de Luís Carlos Prestes.

 

Merece destaque, entre os achados do arquivo, uma das cópias do capítulo escrito em 1981 por Jacques Marcovitch, professor e ex-diretor da FEA, além de ex-reitor da USP, a convite da então catedrática Alice Canabrava. O capítulo corresponde a parte do livro “História da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo” no qual Marcovitch, que fora presidente do CAVC em 1968, conta os acontecidos nos idos de 1946 a 1981.

 

Grande parte do que foi encontrado pertence ao próprio Marcovitch, porém acabou esquecida todos esses anos na Universidade. Com a motivação desses resquícios da história do centro acadêmico, o Thomás conta que, nos últimos dois meses, conversou com diversas figuras importantes que passaram por gestões anteriores a sua, com o intuito de remontar a história da entidade.

 

Além do próprio Marcovitch, teve a oportunidade de conversar com os ex-presidentes Paulo Sandroni (1962), que se envolveu com a Aliança Nacional Libertadora (ANL), chegando a ser preso, além dele Marcos Sokol (1978) e Gesner de Oliveira (1975). Suas entrevistas se estenderam não só a ex-presidentes, mas também a alguns ex-diretores do CAVC como João Sayad, atual presidente da TV Cultura, Roberto Macedo, ex-diretor da FEA, Antonio Campino e Adriana Schor.

 

Contudo, Thomás aponta que conforme entrevistava os ex-gestores do CAVC mais nomes surgiam. Além disso, há outro problema ser enfrentado, tanto ele quanto os outros integrantes da gestão atual têm outras atividades de responsabilidades, fora que em algum momento deverão se formar e se afastar da entidade. O trabalho de pesquisa não se restringe a entrevistas, segundo ele, há várias frentes de atuação, como a verificação dos cerca de 200 registros do centro acadêmico da FEA nas memórias reveladas no DOPS. Ou ainda a pesquisa de jornais antigos, “Quando liberaram o acervo do Estadão, passei três dias pesquisando os arquivos em busca de referências ao CAVC”, afirmou ele.

 

Diante desse impasse, foi decidido que seria necessário profissionalizar o processo de resgate histórico. E traçaram as linhas gerais de seu projeto e submeteram ao edital da reitoria de preservação à memória da Universidade. Entre os objetivos do projeto estão a organização e digitalização dos arquivos, além de elaboração de um livro contando a história do CAVC, que já contabiliza 66 anos de trajetória, além de livretos resumidos que poderiam ser entregues aos calouros durante a recepção aos mesmos. Para tanto, será preciso, segundo ele, um historiador que possa realizar toda essa pesquisa e documentação. Thomás encerrou ressaltando a relevância dessa iniciativa, pois “O CAVC tem uma história riquíssima, repleta de pessoas que foram importantes para a história nacional. É um resgate da história da FEA, da USP, do Brasil”, completa.

 

Nesse sentido, o projeto da entidade se insere em um momento bastante oportuno na Universidade. Foi lançada em maio deste ano a campanha “Por uma Comissão da Verdade da USP”, que visa tornar efetivo o direito à memória e à verdade histórica frente às graves violações cometidas durante a ditadura militar brasileira, de acordo com o manifesto da própria campanha.

 

A ligação entre a campanha uspiana e o projeto do centro acadêmico são evidenciados pela carta, um dos achados nas caixas da vivência, de Paulo Beskow a Marcovitch, datada de 1982, quando da escritura do capítulo para o livro anteriormente citado. “Também é bom ressaltar que, além da minha prisão, muitos outros alunos da FEA passaram a ser perseguidos pela repressão política em função de sua militância estudantil, alguns sendo chamados para interrogatório policial militares.” Beskow, foi presidente do CAVC em 1969, ano em que foi preso pelos órgãos de repressão política do regime militar.

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