ISSN 2359-5191

12/07/2012 - Ano: 45 - Edição Nº: 68 - Saúde - Faculdade de Saúde Pública
Pesquisadores propõem alternativas para o combate às drogas

 

São Paulo (AUN - USP) - Pesquisadores presentes no seminário “A Cracolândia muito além do crack”, realizado recentemente na Faculdade de Saúde Pública da USP (FSP), defenderam que sejam implementadas políticas de redução de danos mais efetivas como alternativa à repressão aos usuários de entorpecentes, ocorrida, por exemplo, no início do ano na região central de São Paulo. “O problema da operação é que ela põe a Cracolândia como consequência da Droga e não considera que outros fatores geram o consumo de drogas”, explicou Dartiu Xavier da Silveira, professor da Universidade Federal de São Paulo, que dividiu a mesa com Rubens de Camargo Ferreira Adorno e Cassia Baldini Soares, ambos professores da FSP.

 

Para ilustrar a falta de conhecimento de autoridades, Silveira relatou que nos anos 80 um conhecido médico paulistano – cujo nome não quis revelar – defendeu na Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo a criação de campos de concentração para abrigar pacientes que tivessem aids, doença ainda pouco conhecida na época.Silveira relembrou o caso, ocorrido quando ele era membro da Secretária estadual de Saúde, para realizar um paralelo entre as políticas adotadas na década de 80 e as hoje utilizadas no combate às drogas.

 

O especialista também traçou um parelelo com a Lei Seca americana para mostrar como o modelo de “guerra às drogas” pode ser ineficiente. “Quanto mais proibicionista é a lei, maior é a prática de condutas perigosas.”

 

De acordo com oSilveira, a experiência americana – proibição total da venda, produção e consumo de álcool entre os anos 1920 e 1933 – apresentou resultados muito diferentes do que se esperava. Em doze anos, houve um aumento de 500 mil pessoas no número de delinquentes, além de 30 mil mortos pela ingestão de metanol – um tipo de álcool tóxico, resultante nos processos de fabricação artesanal de bebidas. Esse período também se caracterizou como o único em que houve registro do consumo injetável de álcool.

 

Alternativa à medicina tradicional e moderna
A política de redução de danos foi apresentada pelos palestrantes como alternativa viável às maneiras como se tem lidado atualmente com a questão das drogas. Ao focar a qualidade de vida dos usuários de entorpecentes e não apenas a droga, as medidas deixam de ser implantadas de cima para baixo e começam a partir dos próprios usuários.Entre as ações que poderiam ser tomadas estão a distribuição de seringas para evitar o compartilhamento, a disponibilização de cachimbos e o oferecimento de outras substâncias – maconha e metadona, por exemplo – como alternativa a drogas mais pesadas. “Diz-se muito que a maconha é a porta de entrada no mundo das drogas, mas poucos consideram que ela pode ser a porta de saída”, explica Dartiu. Para ele, as campanhas tradicionais, baseadas no modelo do amedrontamento, ganharam descrédito entre os consumidores, por serem “imbuídas de concepção ideológica, sem base científica”.

 

No encerramento, Cássia destacou que é necessário dar mais autonomia às unidades de saúde e às subprefeituras. “As boas práticas partem de gestões menos centralizadas”, explicou.

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