ISSN 2359-5191

13/07/2012 - Ano: 45 - Edição Nº: 69 - Economia e Política - Instituto de Psicologia
Conferência trata da formação da identidade dos trabalhadores latino-americanos

São Paulo (AUN - USP) - Recentemente realizada no Instituto de Psicologia, a conferência Psicologia, mundo do trabalho e subjetividade, apresentada pelos professores Antonio Alfredo StecherGuzman, da Universidade Diego Portales, do Chile, e Hernán Camilo Pulido Martinez, da Pontifícia Universidade Javeriana, da Colômbia, tratou do “mundo do trabalho contemporâneo e a constituição da subjetividade em países latino-americanos”. A conferência foi dividida em duas partes: a primeira, uma exposição do professor Guzman sobre a formação da identidade dos trabalhadores das grandes cadeias de supermercado em Santiago, no Chile, e asegunda, uma exposição do professor Martinez tratandodas mudançasna psicologia social do Trabalho pensando na situação de Bogotá.

Guzman afirmou que sua pesquisa procura dar uma contribuição, num plano mais teórico, para pensar as mudanças da formação de identidade dos trabalhadores no contexto latino-americano na globalização. A crise do modelo nacional-desenvolvimentista, a partir dos anos 80, e a adoção de políticas neoliberais na América Latina acarretaram mudanças não só no plano econômico, mas também no cultural, com impactos na subjetividade dos trabalhadores. Segundo ele, no caso chileno, não era possível compreender a formação de identidade sem pensar nessas mudanças culturais: a modernização neoliberal chilena (mudança econômica) veio acompanhada de um discurso que louvava os empresários e o empreendedorismo (mudança cultural).

Os resultados da pesquisa, de maneira geral, apontaram para dois caminhos. Primeiro, que a lógica de flexibilização do trabalho típica das políticas neoliberais, como os contratos de emprego temporários, convivia com a lógica de padronização dos procedimentos dos trabalhadores mais relacionada ao modelo fordista de produção. E isso, longe de ser uma anomalia, é parte constitutiva desse regime de trabalho. Outro, que se percebeu a formação de seis perfis de identidade, dado interessante por mostrar que há formas heterogêneas de construção de subjetividade nesse capitalismo. Há, por exemplo, trabalhadores que enxergam aquele trabalho como qualquer outro, estando lá apenas para sustentar suas famílias, e outros de perfil mais “empreendedor”, que pensam mais no seu futuro e na constituição de carreira.

Martinez, por sua vez, falou das mudanças na visão da psicologia social do trabalho no final dos anos 90. Passou-se a colocar as relações de poder no centro da análise e também a se pensar na questão da identidade como a de uma posição, que pessoas com diferentes repertórios criam de maneiras diferentes. Como exemplo, mencionou os motoristas de ônibus, que uma notícia de jornal acusava de perigosos e tachava de inimigos públicos nº1, enquanto eles mesmos se enxergavam como independentes, por terem seu próprio ônibus, não aceitando trabalhar e serem mal tratados por outros.

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